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Indefinição cerca fim da CPMF

Guarulhos, 11 de julho de 2002

arteOs negócios com ações na Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa, estarão isentos da cobrança de CPMF a partir da próxima segunda-feira, dia 15. Mas, até o início da noite de ontem, a bolsa ainda não havia sido informada pela Receita Federal sobre a forma da isenção. Teoricamente, quem comprou ações no pregão de ontem já não paga a alíquota de 0,38% da CPMF, pois liquidará a operação depois de três dias úteis, exatamente na segunda-feira.

Desinformação – O problema é que a resolução da Receita que determina o fim da cobrança não especifica se ela vale para liquidação no dia 15 ou só a partir do pregão de 15 de julho. Ontem a desinformação era grande até entre as corretoras, que procuraram a Bovespa para obter informações. De qualquer forma, a tão aguardada isenção da Contribuição na Bolsa acabou ofuscada pelo cenário externo negativo. Diante dos constantes problemas nos balanços de grandes empresas nos Estados Unidos, a novidade ficou em segundo plano. Não se espera que a redução dos custos com o fim da CPMF eleve significativamente o volume de negócios na Bovespa.

Secundário – “Por causa dos problemas no Exterior, o fim da CPMF não deve melhorar a liquidez da bolsa, embora seja uma notícia positiva. O que tem norteado os negócios é o cenário externo. A CPMF transformou-se em um fator secundário”, diz Túlio Bonsaver, especialista em ações da corretora Coinvalores. Júlio Ziegelmann, da BankBoston Asset Management, concorda. “O fim da CPMF na bolsa não deve mudar muita coisa no dia-a-dia do mercado de ações, que neste momento opera em função de outras variáveis.”

Bovespa: recuo – Na reabertura dos negócios ontem, depois do feriado de terça-feira em São Paulo, a Bovespa fechou em baixa de 1,22%, afetada pelas fortes quedas dos índices da Bolsa de Nova York. O Dow Jones caiu 3,10% e o Nasdaq perdeu 2,54%.

Nível baixo – O Dow Jones não fechava abaixo de 9 mil pontos desde setembro do ano passado, logo depois dos atentados. A possibilidade de envolvimento do vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, em fraudes de balanços de empresas, agravou as baixas. O Ibovespa fechou em 10.555 pontos e o volume financeiro somou R$ 448,4 milhões, giro superior ao dos últimos dias, mas ainda menor do que a média de junho. Com o resultado de ontem a Bovespa passa a acumular queda de 5,2% no mês e perdas de 22,2% desde o início do ano.

Bancos – As ações de bancos foram prejudicadas pelo rebaixamento de suas notas pela agência de classificação de riscos Moody's. Bradesco PN, a ação mais negociada ontem na Bovespa, caiu 2,80%. As ações preferenciais do Itaú recuaram 1,93%. A maior alta do Ibovespa foi Embratel Participações ON (3,4%) e a maior baixa Inepar PN (-4,7%).

Dólar cai – No mercado de câmbio, a quarta-feira foi mais um dia de volume de negócios reduzido. A baixa liquidez contribuiu para aumentar a volatilidade das cotações. O dólar comercial fechou valendo 2,846 para compra e R$ 2,846 para venda, com queda de 0,21%, de acordo com a Enfoque. O Banco Central interveio no mercado com um leilão de linha externa, em que vende dólares ao mercado com compromisso de recompra. O leilão movimentou US$ 100 milhões.

Cenário – Depois da turbulência do fim de junho, o mercado de câmbio parece estar um pouco mais tranqüilo nos últimos dias, mas ainda é cedo para dizer que o mercado mudou de tendência, de acordo com o economista-chefe do Lloyds TSB, Odair Abate. “Talvez o mercado esteja reavaliando o cenário e corrigindo o exagero, mas temos pouco tempo ainda para ter certeza de que se trata de mudança de rumo”, observa Abate.

Rejane Aguiar