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Dólar cai de novo e mercado já espera intervenção do BC

Guarulhos, 11 de dezembro de 2001

O dólar voltou a cair ontem, fechando o dia cotado a R$ 2,332. Com isso, a moeda atingiu sua menor cotação desde julho. Se a queda é positiva, porque mostra a desvinculação dos fundamentos econômicos brasileiros da crise argentina, por outro preocupa, na medida em que ameaça o saldo positivo da balança comercial. Segundo analistas, está na hora de o Banco Central intervir no mercado e ajustar o câmbio a um nível considerado saudável. Eles citam a cotação de R$ 2,50 para cada US$ 1.

Uma das medidas defendidas é que o BC pare de vender dólares e títulos cambiais e até comece a comprá-los. “O BC, mais uma vez, está atrasado. Já devia ter começado a aumentar as reservas”, disse Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, à repórter Adriana Gavaça. Juros – O dólar em queda também abre espaço para uma retomada do corte da taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo entende que uma redução agora poderia levar os investidores a migrar de aplicações em reais para as atreladas à moeda americana.

Os analistas defendem ainda um corte na alíquota dos depósitos compulsórios a prazo cobrados dos bancos, hoje em 10%. “O BC utilizou esta ferramenta para impedir que o dólar continuasse em disparada no início do semestre. Agora, devia reduzir ou eliminar esta alíquota”, pondera Alfieri. A melhora dos indicadores internos da economia brasileira, associada a uma corrida das empresas por empréstimos no Exterior, é um dos motivos para a queda acentuada do dólar nos últimos dias. “Muitas filiais de empresas internacionais começam a solicitar empréstimos à matriz para fechar seus balanços. Isso promove uma grande entrada de fluxo de investimentos externos, até então reprimida, provocando queda na cotação do dólar”, diz Belluzzo.