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Baixa renda dita ritmo de consumo

Guarulhos, 02 de abril de 2008

As vendas de roupas, calçados, eletroeletrônicos e móveis sustentaram os negócios do varejo durante o primeiro trimestre do ano. De acordo com os indicadores econômicos divulgados ontem pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as vendas cresceram 6,4% em relação ao mesmo período de 2007.

Já o mês de março, quando comparado com igual período de 2007, teve crescimento menor. De acordo com o principal medidor das compras no crediário, o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), as vendas aumentaram 3,3% no mês passado, com aumento de 3,5% nas vendas a prazo e 3,2% no SCPC Cheque, que acompanha as vendas à vista. O presidente da entidade, Alencar Burti, explica que “o resultado foi prejudicado pelos feriados e que a comparação trimestral reflete melhor o ritmo do movimento do varejo”.

Itens de maior valor agregado e de menor valor ficaram praticamente empatados na preferência do consumidor neste ano. O SCPC sinalizou que as vendas a prazo cresceram 6,5%. Já as consultas ao SCPC Cheque aumentaram 6,3%. “O mix de vendas ficou bem equilibrado, impulsionado principalmente pela baixa renda, que atualmente tem muito acesso ao crédito e ao projeto Bolsa Família”, afirma o economista Emílio Alfieri, do IEGV.

Luz amarela – A pesquisa mostra ainda que a quantidade de registros recebidos no cadastro de inadimplentes do SCPC aumentou 14,4% quando comparado ao primeiro trimestre de 2007, enquanto o número de registros cancelados cresceu 16%. O cenário isolado de março inverteu as posições de registros de pagamentos em falta e pagamentos liqüidados e aponta para um risco maior: aumento de 11,3% no índice de registros recebidos e 9,1% dos cancelados.

Alencar Burti diz que as instituições financeiras e o varejo devem ter cautela na concessão de crédito, procurando conhecer o histórico do consumidor e sua capacidade de endividamento. Ele espera que o Banco Central (BC) não promova elevação da taxa básica de juros (Selic). “Um aumento dos juros afetaria mais rapidamente os investimentos e a oferta, do que a procura.”

Burti afirma ainda que não há necessidade de reduzir a demanda, pois a produção industrial e as importações vêm atendendo ao mercado, sendo as pressões inflacionárias localizadas. “Elevar juros no momento, mesmo que em percentual mínimo, pode provocar forte crescimento da inadimplência e acarretar incerteza quanto ao futuro, provocando desaceleração desnecessária na economia. A melhor forma para controlar a demanda é a redução dos gastos públicos, e não a inibição do consumo privado”, finaliza.