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Saga da mulher contemporânea

Guarulhos, 03 de março de 2008

O século passado notabilizou-se por grandes transformações científicas,tecnológicas, econômicas e sociais, tendo os historiadores destinado um capitulo especial para o despertar da mulher na busca de seus direitos e no resgate de valores subjacentes.Consciente,e inconscientemente, a mulher deu a luz a maior revolução mercadológica das últimas décadas levando as lideranças empresariais a descobrirem o riquíssimo potencial do “produto” que mais agrega valor para a mulher contemporânea – a praticidade.

Fruto desse valor percebido surgiram os alimentos semi-preparados e prontos, as roupas feitas para todos os gostos e bolsos,os eletrodomésticos de grande utilidade no lar e uma gama enorme de serviços domiciliares. A concentração de produtos e serviços oferecidos pelos shopping centers, os transportadores de escolares, o delivery via moto-boys e tantas outras ofertas tiveram como alvo principal poupar tempo daquelas que cumprem, no mínimo, duas jornadas de trabalho. Ah! Não podemos nos esquecer das facilidades da sedutora Internet e do irresistível celular, que revolucionaram o sistema de comunicação mundial.

A instituição de datas comemorativas com a marca indelével da mulher,como é o caso do Dia Internacional da Mulher, nos permite crer que elas têm sim, o que comemorar,porém entendemos que o evento deva se constituir num fórum de debates sobre a não observância de determinados direitos, que continuam privilegiando os homens. Um dos exemplos mais gritantes é o da não aplicação do princípio da isonomia salarial. Ciente dos desafios que a esperam, a mulher tem investido em sua formação acadêmica, na sua competência técnica e nas suas habilidades ecléticas, fatores que a faz referência como formadora de opinião e,conseqüentemente,agente de mudanças. Esta realidade despertou a percepção dos especialistas em marketing,que se convenceram do poder de fogo da mulher na hora de escolher a marca de um determinado produto.

Entre as diversas causas da avassaladora participação da mulher no mundo dos negócios destacamos a escalada de desemprego que atingiu a massa trabalhadora masculina, a busca da auto-afirmação,o sonho da independência financeira e econômica,a ajuda no orçamento familiar,o desejo natural de
assegurar melhor padrão de qualidade de vida aos filhos,e a certeza de que poderia desempenhar, com a mesma eficácia e dignidade, tantas outras tarefas como a de dona de casa – que aliás, nunca abandonou. Suprir essas necessidades e acreditar no sonho de dias melhores têm sido a grande motivação da mulher para “trabalhar fora”,apesar da injustiça salarial estar presente em parte do universo feminino.

Servidoras públicas, profissionais liberais e funcionárias de empresas que,realmente, praticam os princípios da responsabilidade social são alguns exemplos de isonomia salarial. É mais do que justo homenagear a mulher pela sua forte presença no Terceiro Setor, que tem se desenvolvido muito nos últimos anos,gerando milhões de empregos e movimentando bilhões de dólares no mundo todo. A mulher é a alma do Terceiro Setor. A sua sensibilidade e a sua capacidade de se indignar (e agir) diante das injustiças sociais mostram que ela tem a generosidade de compartilhar com o próximo, o mais precioso tesouro do planeta – o saber.

Já não são as mulheres que seguem as tendências mundiais,mas as tendências é que são inspiradas na silhueta do novo estilo de vida redesenhado pela mulher. O essencial, para mulheres e homens, é a consciência de que somos da mesma natureza e que nossas diferenças nada mais são do que características complementares, à gestação de uma sociedade sem preconceito e sem discriminação – chagas sociais,ainda,vivas no nosso cotidiano.

Finalizamos com uma sonora, e prazerosa, comprovação: as belas estão se tornando, cada vez mais, “feras”.

* Faustino Vicente – Consultor de Empresas – e-mail: faustino.vicente@uol.com.br – tel.(11) 4586.7426