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Reichstul pede demissão da Petrobras.

Guarulhos, 05 de dezembro de 2001

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Francisco Gros, 58, é o nome mais provável para suceder Henri Philippe Reichstul, 52, na presidência da Petrobras.

A Folha apurou que Reichstul comunicou ao presidente Fernando Henrique Cardoso, na semana passada, que irá ficar na Petrobras até o final do ano. Ao pedir para sair da Petrobras, Reichstul alegou motivos pessoais.

Reichstul é casado pela segunda vez com Maria Augusta, filha do senador já falecido Severo Gomes. Os dois têm três filhos cada um e, já há algum tempo, a família pedia para Reichstul deixar o Rio, onde morava desde que assumiu a Petrobras, e voltar para São Paulo.

Mas a Folha apurou que as relações entre Reichstul e o ministro das Minas e Energia, José Jorge, se deterioraram nos últimos meses. O atrito se deveu à escolha dos diretores da Petrobras para as áreas de gás e energia e de serviços.

Reichstul conseguiu emplacar os nomes indicados por ele para as duas vagas, mas sua relação com José Jorge ficou bastante abalada. De acordo com o que a Folha apurou, ele preferiu evitar um aprofundamento do desgaste e pediu para sair da empresa.

Lucro e acidente

Três grandes fatos marcaram a gestão de Reichstul. Ele foi o responsável pelos maiores resultados da história da Petrobras. A empresa registrou um lucro recorde de R$ 10 bilhões no ano passado e, para este ano, a previsão é de que o resultado seja maior.

Outra marca foi o afundamento da plataforma P-36, em março do ano passado, que causou a morte de 11 petroleiros. Há pouco mais de uma semana, a Procuradoria Especial da Marinha, em seu relatório a respeito das investigações do acidente, concluiu que a Petrobras privilegia o lucro em detrimento a qualidade das operações.

Foi a mais grave acusação sofrida pela Petrobras no caso do afundamento da plataforma. De acordo com o que a Folha apurou no governo, a saída de Reichstul não tem vinculação com a denúncia da Marinha.

Outro episódio importante foi a tentativa de mudar a marca da empresa para Petrobrax, em 2000. Depois de provocar grande celeuma política e popular, a alteração foi enterrada por FHC.

Gros é cotado para assumir a Petrobras em razão de seu papel na crise de energia -ele foi um dos membros do “ministério do apagão”. Além disso, é membro do conselho da Petrobras desde março do ano passado, quando assumiu o BNDES.