Quem tiraremos do sufoto?
Mais uma vez estamos às voltas de uma discussão que tem como pano de fundo a preservação ambiental, a sustentabilidade e a preocupação com as futuras gerações.
No dia 25 de janeiro entrou vigor um “protocolo de intenções” entre a Apas (Associação Paulista de Supermercados) e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo que visa acabar com a distribuição gratuita das sacolas descartáveis e incentivar a utilização de sacolas reutilizáveis, carrinhos, cestos ou qualquer outra embalagem.
Por sua vez, a indústria plástica responsável pela produção destas sacolas descartáveis, tenta enfrentar o desafio de adequar o seu produto para que ele seja menos agressivo ao meio ambiente e que reduza, consideravelmente, sua presença por meio da proliferação do consumo consciente, aumento da capacidade de resistência das sacolas e o incentivo do processo de reciclagem.
No centro desta discussão está o cidadão, que mais uma vez arca com o ônus financeiro que, até então, era do supermercado, somando a missão de encontrar uma alternativa mais “sustentável” para transportar suas compras e, assim, dar sua contribuição para a preservação do meio ambiente, que por sua vez, é bombardeado não só pela sacolas plásticas mas por vários materiais como garrafa pet, papeis em geral, óleo de cozinha, metais , gases, aparelhos eletrônicos, vidros, entre outros, ou seja, toda e qualquer embalagem que é produzida e não sofre o descarte correto.
Analisando estes cenários nos surgem alguns questionamentos:
O cidadão sabe que a retirada das sacolas plásticas fez parte de um protocolo de intenções não uma lei?
A sacola plástica não se torna um sufoco para o planeta quando é vendida e somente quando é distribuída gratuitamente?
Por que não criar um ambiente realista de infraestrutura para que realmente a sociedade consiga colaborar com o meio ambiente e cumprir a lei nacional de resíduos sólidos, principalmente no tocante a coleta seletiva e da logística reversa?
O valor de cerca de R$ 200 mil que serão economizados anualmente pelos supermercdos somente no estado de São Paulo, serão repassados como descontos nos preços dos produtos vendidos nas gôndolas?
Por que a indústria plástica não fez um trabalho mais contundente e intensivo para a prática do consumo consciente das sacolas plásticas?
Por que não se preocupou na padronização da especificação e na busca de materiais menos agressivos ao meio ambiente e combateu com mais veemência a produção de sacolas sem especificação e sem resistência ?
Quem vai absorver os 40 mil empregos da indústria que produz sacolas plásticas gera, se eventualmente estes trabalhadores forem dispensados?
Enfim, desejo que com estes questionamentos não cheguemos a conclusão de que, os únicos que não saíram do sufoco foram os cidadãos, seja na questão de qualidade de vida, bolso ou sustento. Não se esquecendo do perigo que corre o meio ambiente de não ficar livre do descarte incorreto de materiais por falta de políticas e infraestruturas adequadas.