Professores do ITA defendem terceira pista e terceiro terminal do aeroporto de guarulhos

Em palestra promovida pela AGENDE na sede do CEFET Guarulhos nesta ultima quinta, 22 de março, os professores do ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica, Carlos Muller, Cláudio Jorge Pinto Alves e Anderson Ribeiro Correa, expuseram um estudo que demonstra a importância da ampliação do aeroporto de Cumbica a partir da construção da terceira pista e do terceiro terminal, na solução do problema da crise vivida pelos aeroportos do país. Segundo estes estudos, as duas obras ampliariam a capacidade do aeroporto de forma a atender um número de até 36,8 milhões de passageiros/ano, o que criaria a expectativa de atender ao crescimento da demanda pelo menos para os próximos 10 anos (veja quadro abaixo).

 Segundo o Professor Muller, os investimentos destinados ao aeroporto de Viracopos, que têm sido muito mais significativos do que os efetivamente aplicados no aeroporto de Guarulhos, não geram uma expectativa de relaxamento da tensão vivida nos aeroportos, dadas as limitações mercadológicas, logísticas e estratégicas impostas pelo distanciamento da cidade de Campinas com relação à Capital e à região Metropolitana.

A afirmação se baseia na diferença gritante entre os números de operações realizadas no ano de 2006 nos dois aeroportos (ver quadro abaixo), demonstrando a clara preferência dos usuários do setor aeroportuário pelo Aeroporto Internacional de Cumbica.
 

Foi mostrado ainda através de quadros didáticos que as expectativas de investimentos futuros também favorecem Viracopos.

A palestra dos professores, que também apresentaram esboço de um projeto executivo de engenharia para a construção da terceira pista e um estudo comparativo do movimento de cargas de cada um dos aeroportos, foi sucedida por uma rodada de debate em torno do tema. Participaram da mesa composta no auditório do CEFET, além dos professores, o Presidente da AGENDE e Diretor do SETCESP, Celso Masson, o Diretor da AGENDE e representante da ACE Guarulhos Luis Roberto Mesquita, o Superintendente da Regional Sudeste da Infraero, Dr. Edgard Brandão Junior, e o Sr. Delmar Mattes, Coordenador de Assuntos Aeroportuários da Prefeitura de Guarulhos.

Em sua primeira fala, o Superintendente da Infraero, Brandão Júnior afirmou que em Campinas, diferentemente de Guarulhos, há uma articulação maior entre poder público municipal e setores empresariais e da sociedade civil em torno da defesa de investimentos e decisões favoráveis ao desenvolvimento do Aeroporto e de seu entorno.

Como exemplo, citou o processo de discussão pela ampliação de Viracopos a partir da construção da segunda pista, no qual houve uma participação importante do prefeito Helio de Oliveira e de setores da sociedade civil, que resultou na mudança do traçado da pista e na formalização do processo de desapropriação de terrenos e casas, que foi precedido de um amplo estudo Sócio/Econômico da área desapropriada, o que vai permitir um acompanhamento democrático de todo o processo, visando garantir uma realocação positiva dos desapropriados, bem como uma remuneração justa aos que ali mantinham atividades comerciais.

Solicitação de estudo como este preparada pela regional Sudeste para a área de desapropriação prevista em Guarulhos, já foi encaminhada à Presidência da Infraero e estaria aguardando assinatura. Brandão se colocou à disposição dos presentes para integrar uma caravana a Brasília para discutir este e outros assuntos pendentes relacionados ao Aeroporto de Guarulhos, como o TAC – Termo de Ajuste de Conduta para licenciamento do aeroporto e o Projeto de Expansão incluindo Terceira Pista e Terceiro Terminal.

Já Celso Masson, Presidente da AGENDE, disse que julga fundamental a união das forças políticas e empresariais da cidade na busca do encaminhamento da solução da crise aeroportuária através da expansão do Aeroporto de Cumbica, desde que esta expansão promova o desenvolvimento da região tanto do ponto de vista social, atendendo a todas as famílias ali assentadas, oferecendo-lhes uma qualidade de vida melhor, quanto do ponto de vista econômico, abrindo espaço para a instalação de parques feirísticos de exposição, para a Indústria Alfandegada, e para atividades de logística e turismo de negócios de uma forma geral, o que poderá representar um acréscimo muito acentuado na economia local, gerando emprego e renda para a cidade.

O representante da ACE – Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos e também dirigente da AGENDE, Luis Roberto Mesquita, lembrou a todos que a situação dos bairros no entorno do aeroporto é por demais precária, assim como todo o sistema viário local e apelou para os poderes públicos municipal, estadual e federal e para as representações da sociedade civil que atentem para a necessidade de união em torno do tema, transformando a aparente dificuldade gerada pela existência de 5,5 mil famílias na região da futura expansão em oportunidade de alcançar uma melhora na sua qualidade de vida, oferecendo-lhes lugares mais dignos para viverem. Ao término, conclamou aos presentes que organizem uma caravana representativa dos mais diversos setores da sociedade a Brasília com o intuito de discutir com as autoridades federais todas as questões ali discutidas, em especial o destino do Termo de Ajuste de Conduta para o Aeroporto de Cumbica.

Já o representante do Poder público Municipal, Coordenador Especial de Assuntos Aeroportuários, Sr. Delmar Mattes, disse que a prefeitura desde o início da gestão Elói Pietá, vem manifestando sua concordância com a necessidade de expansão do aeroporto de Cumbica e que também não compreende a razão pela qual a Infraero não assina o texto do TAC que repousa sobre a mesa da presidência da Infraero, já que os termos ali colocados foram produto de um amplo processo de discussão desenvolvido entre as duas entidades (PMG e Infraero).

AGENDE aponta dados do crescimento do transporte de passageiros da ordem de 43% em três anos

Os dados foram extraídos do Banco de Dados e Indicadores Sócio-Econômicos de Guarulhos, organizado pela AGENDE e demonstram que as viagens de avião vêm crescendo a taxas muito superiores do que a economia nacional nos últimos anos, revelando que essa tendência mundial já se estabeleceu com força no Brasil. De um movimento de 71 milhões de passageiros por ano no sistema INFRAERO em 2003, chegamos ao significativo índice de mais de 102 milhões de passageiros em 2006, o que indica um crescimento acumulado de 43%, e uma taxa média de 13% ao ano no período (ver o quadro abaixo).  

Neste contexto se destacam os dois mais movimentados aeroportos do país, Congonhas e Cumbica, situados não por acaso na Grande São Paulo, que em conjunto representam mais de 1/3 de todo esse movimento, e que absorveram um incremento de mais de 10 milhões de passageiros nesses 3 anos, sem praticamente nenhuma evolução em sua estrutura. E pelo movimento registrado em janeiro último, se reafirma a tendência de agregar mais de 3 milhões de passageiros em 2007, o que vai pressionar ainda mais esse binário Cumbica+Congonhas, e possivelmente todo o sistema aeroportuário nacional.

É visível para todos a situação limite em que se encontra o aeroporto de Congonhas, que bateu em um movimento de 18 milhões de passageiros em 2006, quando sua capacidade adequada é de apenas 12 milhões /ano. O que os primeiros números de 2007 revelam é a tendência de Guarulhos absorver a partir de agora quase toda a nova demanda na região metropolitana, o que poderia levar a que Cumbica chegasse ainda em 2008 a um movimento de 21 milhões de passageiros, o que é apontado como seu limite adequado de funcionamento tanto pela Infraero, como pelo estudo dos professores do ITA.

Esses números reforçam de maneira inequívoca a análise da urgência de novos grandes investimentos em Cumbica, notadamente a 3ª pista e o 3º terminal, sob pena de aprofundar a crise aeroportuária nacional, e de levar a uma rápida saturação o principal aeroporto internacional do país.