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Mercado deve se voltar para a questão do petróleo

Guarulhos, 08 de abril de 2002

Novos aumentos no preço do petróleo, que podem ser deflagrados por um agravamento na crise entre israelenses e palestinos, no Oriente Médio, devem atrair a atenção do mercado financeiro com mais força, nesta semana. Muitos especialistas vêem os altos preços do produto como um movimento especulativo. A situação atual é diversa daquela que o mundo assistiu em 1979, durante a segunda grande crise do petróleo, quando o preço do barril chegou a triplicar, sendo vendido a US$ 40. Nos últimos vinte anos, a produção ficou menos centralizada e o mundo já não depende tanto, hoje, do petróleo do Oriente Médio. Mas, se os aumentos se sustentarem, os Estados Unidos não ficarão totalmente imunes, segundo especialistas do mercado.

Mesmo com o aumento das reservas de óleo dos EUA divulgado na semana passada. Caso o ritmo de retomada de crescimento da economia norte-americana comece a desacelerar por conta de uma disparada no preço internacional, dizem analistas, o Brasil também será prejudicado com um impacto em seus preços, de acordo com Luis Roberto Cunha, economista da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio. Apesar de o Brasil importar apenas 16% de todo o petróleo que consome, ainda segue as regras do mercado internacional para fazer seus reajustes. O que torna o país vulnerável aos preços internacionais. Daí a preocupação com novos aumentos. Outro assunto que deve prender a atenção do mercado, mais especificamente o de ações, é a questão política. O mercado aguarda a divulgação do novo nome para ser o vice na chapa de José Serra. O governo encerrou a semana passada sem nenhuma definição quanto ao assunto. A reunião entre o governo e o PMDB, na sexta-feira, com o objetivo de fortalecer a aliança para a candidatura de Serra, deixou o mercado um pouco mais tranqüilo quanto a um possível isolamento do governo na questão da sucessão presidencial.

A não votação da CPMF, que significa uma perda de R$ 700 milhões segundo números oficiais, ainda deverá manter o mercado ocupado. O governo ainda não definiu a forma de compensação do imposto. A expectativa do mercado é justificável. Entre as hipóteses com as quais o governo trabalha está a de aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) e sobre as vendas a prazo feitas pelo comércio.

Roseli Lopes