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Mais de 1 milhão pedem o fim da CPMF

Guarulhos, 05 de setembro de 2007

Já foi contabilizado 1,03 milhão de assinaturas na campanha “Sou Contra a CPMF”, que pede o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, lançada em 22 de maio pela Frente Parlamentar da Assembléia Legislativa de São Paulo

O governo quer que a cobrança, com prazo previsto para terminar em 31 de dezembro deste ano, seja prorrogada até 2011. Desde a criação do tributo, em 1997, o governo já arrecadou R$ 284 bilhões com ele, e pretende embolsar mais R$ 39 bilhões em 2008. Para este ano, a estimativa é de uma arrecadação de R$ 36 bilhões.

De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o brasileiro trabalha, em média, sete dias por ano só para pagar o tributo. Em 1997, eram três dias. “Se os R$ 284 bilhões arrecadados tivessem realmente sido investidos em saúde (como era a destinação inicial da CPMF), o Brasil teria hoje 2,8 mil centros médicos da mais alta tecnologia, ao custo de R$ 100 milhões cada um, como ocorre nos países do Primeiro Mundo”, disse a líder do PSDB na Assembléia, deputada Maria Lúcia Amary, durante passeata, sexta-feira, no centro da cidade. O objetivo era colher assinaturas para um abaixo-assinado pedindo o fim da contribuição.

A caminhada começou no Páteo do Colégio e seguiu pela Rua Boa Vista, Ladeira Porto Geral e chegou à Rua 25 de Março, principal centro de comércio popular de São Paulo. Os manifestantes vestiam camisetas com a chamada da campanha, “Sou contra a CPMF”, e conversaram com os transeuntes para explicar o objetivo do movimento. “Não se pode prorrogar um imposto que tem dia e hora para acabar”, afirmou o deputado estadual do PSDB João Caramez. “O cumprimento da extinção da CPMF no prazo estipulado pode ser o primeiro passo para uma reforma tributária consciente”, acrescentou.

Cascata – De acordo com o diretor do Departamento de Ação Regional da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Depar-Fiesp), José Roberto Novaes, dos R$ 14 bilhões que São Paulo contribuiu com a CPMF desde 1997, apenas R$ 900 mil foram investidos em saúde no estado. “Isso, sem contar que a cobrança em cascata do tributo aumenta, em média, em 2% o valor final dos produtos”, afirmou.

Durante a passeata, foram colhidas cerca de 5 mil assinaturas, segundo a Assembléia Legislativa, e distribuídos adesivos, camisetas e panfletos. “O atual governo, que antes se opunha ao imposto, agora quer prorrogá-lo”, afirmou o presidente da Ação Brasileira de Apoio ao Setor de Serviços (Abrasse), Paulo Lofreta.

Entre os que assinaram o manifesto, muitos não sabiam o que é essa contribuição, nem para qual finalidade foi criada. “São tantos os tributos cobrados que não se sabe o que é um, e o que é outro”, disse o auxiliar de almoxarifado Donizete Silva. “A única coisa que vemos é dinheiro indo embora, cada vez mais rápido.”

Homem-estátua – O homem-estátua, que se mantém imóvel diariamente, por longos períodos, na esquina das ruas XV de Novembro e Padre Manuel da Nóbrega, a espera de algumas moedas, dessa vez resolveu se mexer para fazer parte do movimento.

“Nessas horas, não podemos assistir aos fatos de braços cruzados”, brincou o artista, que se chama Ruani da Silva.