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Funcionários da Volks iniciam greve no ABC Paulista.

Guarulhos, 12 de novembro de 2001

Reunidos em assembléia no pátio da montadora, cerca de 16 mil trabalhadores da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) decidiram por unanimidade entrar em greve por tempo indeterminado a partir de hoje. Eles protestam contra as 3 mil demissões comunicadas pela montadora por carta na quinta-feira passada.

As demissões foram consideradas pelos sindicalistas como “agressão, truculência, covardia e terrorismo”.

A assembléia atraiu quatro deputados federais, vereadores de São Bernardo do Campo, e os ex-presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jair Meneghelli e Vicente Paulo da Silva.

“Os trabalhadores não são responsáveis pela queda de mercado da Volkswagen, que quer reduzir o salário do trabalharor. Ela perde mercado porque não lança novos produtor”, disse durante a assembléia Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Ele propôs uma greve tradicional “porque a semana é curta”. A próxima quinta-feira é feriado da Proclamação da República, o que provoca um final de semana prolongado. “A surpresa fica para a semana que vem”, afirmou.

Apesar de ficarem reunidos durante 12 horas durante o final de semana, o sindicato e a direção da montadora não conseguiram chegar a um acordo porque, de acordo com Marinho, a Volkswagen não quis reverter as demissões.

Ele disse, no entanto, que houve avanços na proposta da fábrica que prevê redução de jornada e trabalho de 15%.

Segundo Luiz Marinho, a greve poderá ser longa devido à política de demissão da empresa.

A montadora afirmou que reveria metade das 3 mil demissões anunciadas na semana passada. “A reversão de metade dos cortes não é suficiente”, informou Marinho.

Ele explicou antes da decisão dos funcionários da Volks que os empregados entrarão na fábrica e cruzarão os braços até o final do expediente.

A companhia retirou a maior parte dos veículos do pátio, temendo problemas de segurança com o protesto dos funcionários. A informação, no entanto, não foi confirmada pela assessoria de imprensa da empresa.

O presidente da Volkswagen no Brasil, Herbert Demel, disse que as demissões na unidade de São Bernardo são um reflexo do alto salário pago à categoria na região. Enquanto a média salarial chega a R$ 650 no país, em São Paulo paga-se R$ 1,1 mil, disse. As informações são do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, e da Rádio Bandeirantes.