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Espaço aéreo dos EUA volta a abrir.

Guarulhos, 13 de setembro de 2001

Evélson de Freitas/FIA American Airlines retoma a partir das 17h as operações no espaço aéreo norte-americano. A decisão foi anunciada logo depois de o Departamento de Transportes dos Estados Unidos ter divulgado a reabertura do espaço aéreo do país para vôos comerciais e privados às 12h (horário de Brasília).

O primeiro vôo da companhia com destino ao Brasil sairá de Miami às 19h45 (21h45 horário de Brasília) e chegará a São Paulo às 5h06 de sexta. No sentido contrário, o primeiro vôo está programado para as 20h50, do Rio de Janeiro com destino a Nova York.

“Guerra declarada”

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse hoje para os governantes George Pataki, governador de Nova York, e Rudolph Giuliani, prefeito da cidade, que estará em Nova York amanhã à tarde. Bush confirmou sua visita à cidade durante uma entrevista por telefone que foi transmitida pelas redes de TV dos EUA.

O presidente chamou os ataques contra os EUA de “guerra declarada” e voltou a dizer que as autoridades americanas farão de tudo para vencer essa “guerra”. “Estou completamente resolvido a ganhar essa “guerra” que nos foi imposta”, disse.

Taleban

O embaixador do Taleban no Paquistão, Mullah Abdul Salam Zaeef, disse que o grupo entrou em contato com o terrorista Osama bin Laden e perguntaram se ele tinha participação nos atentados contra os EUA. Segundo Zaeef, ele negou envolvimento nos ataques. Os EUA oferecem até US$ 5 mi pela captura de Osama Bin Laden.

O Taleban é um grupo islâmico que controla 90% do território do Afeganistão desde 1998 e impôs um regime marcado pelo extremismo e pelo conservadorismo. Bin Laden tem sido protegido como “convidado” do regime.

Zaeef disse também que o Taleban está preparado para cooperar com os EUA na investigação para descobrir quem são os responsáveis pelos ataques. “Estamos prontos para qualquer ajuda, de acordo com a lei Sharia”, disse Zaeef, citando a estrita lei islâmica.

O “Khabrain” – jornal paquistanês que segue linha editorial sensacionalista – também publicou hoje uma reportagem na qual Bin Laden negaria a autoria do atentado. “A ação é de algum grupo americano. Não tenho nada a ver com isso”, teria dito Bin Laden ao jornal, por meio de fontes próximas ao Taleban.

O jornal árabe “Asharq al Awsat”, editado em Londres, publicou hoje a informação de que o Taleban treinou há um ano 14 “fanáticos muçulmanos” para pilotar aviões de linha, principalmente aparelhos do tipo Boeing 727. Os jovens receberam aulas teóricas e treinamento em terra com simuladores de vôo, antes de viajar a uma base próxima da cidade de Bamiyan.

Moradores do Afeganistão já começaram a cavar trincheiras prevendo uma retaliação do Exército dos EUA.

Mortes

O número de mortes confirmadas em todos os atentados de terça-feira (11), por enquanto, é de 440 (266 passageiros dos vôos sequestrados, 80 no Pentágono e, de acordo com o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, 94 corpos foram retirados dos escombros do World Trade Center, 46 deles já identificados). Apenas nove pessoas foram resgatadas com vida. Segundo o prefeito, 4.763 pessoas estão desaparecidas (300 bombeiros, 259 policiais e 57 médicos).

Giuliani, entretanto, reconhece que o número de mortes deve ficar na casa dos milhares, sem emitir previsões mais concretas. Bombeiros que trabalham para resgatar sobreviventes no World Trade Center calculam que pode chegar a 30 mil o número de mortos.

Brasileiros

Pelo menos nove brasileiros podem estar entre as vítimas do atentado aos prédios do World Trade Center. Três deles são: o administrador de empresas paulistano Ivan Kiryllos Barbosa, 30, a mineira Sandra Fajardo Smith e Anne Marie Ferreira Sallerin. Os desaparecidos estão sendo procurados pelo Consulado do Brasil em Nova York.

Investigações

O sistema integrado de investigação dos atentados, que envolve mais de 7.000 homens do FBI, direciona cada vez mais suas suspeitas para o milionário saudita Osama bin Laden, o provável mentor dos ataques terroristas desta quarta-feira.

O FBI estima que o grupo que executou os atentados possuía cerca de 50 integrantes, incluindo os que morreram nos choques de aviões. O diretor do FBI, Robert Mueller, disse que alguns dos sequestradores responsáveis ataques já foram identificados.

Um carro abandonado por cinco árabes suspeitos em Boston foi encontrado com um manual de vôo escrito em árabeAcredita-se que sejam eles os sequestradores de um dos aviões dos ataques en Nova York.

Uma rádio de Paris noticiou hoje que a França passou informações aos EUA que poderiam ter evitado o atentado, mas o FBI não abriu inquérito para apurar. Em agosto, um argelino com diversos passaportes e manuais de vôo foi detido no aeroporto de Boston, e o serviço secreto francês avisou o FBI que sabia quem era o homem: um dos soldados de Bin Laden.

O ministro da Justiça norte-americano, John Ashcroft, informou que alguns dos terroristas fizeram curso de pilotagem dentro dos próprios EUA, no Sul da Flórida, onde agentes procuram obter mais informações.

O governo americano fez ontem à noite um pedido formal para que a polícia da Índia mande toda a informação que tem sobre Bin Laden.

Os EUA pressionam agora o Afeganistão e Paquistão, prováveis países onde o terrorista internacional está escondido, para colaborar com as investigações. Os dois países, que temem sofrer ataques, já prometeram colaborar.

Terça à noite, Cabul (capital do Afeganistão) foi bombardeada. Os Estados Unidos negaram responsabilidade no ataque, ao mesmo tempo em que um grupo de oposição afegão assumiu sua autoria.

Autoridades da Alemanha prenderam um homem na cidade de Hamburgo por provável conexão com os atentados terroristas nos Estados Unidos.

A Casa Branca e o avião do presidente dos EUA, George W. Bush, Air Force One, também eram alvos dos ataques terroristas, segundo Gordon Johndroe, porta-voz oficial da Casa Branca.

O governo dos EUA afirmou que provas muito claras demonstram que os sequestradores tinham o objetivo de atingir esses dois alvos. Um deles seria o avião da United Airlines que caiu em Pittsburgh (Estado da Pensilvânia).

Retaliação

O Congresso dos EUA aprovou por unanimidade no início da madrugada desta quinta-feira uma licença para que o exército norte-americano possa retaliar os atentados caso fique provado que os terroristas são acobertados pelo governo de algum país.

Bush pediu e receberá do Congresso norte-americano US$ 20 bilhões em fundos de emergência para lidar com as consequências dos ataques terroristas. O valor concedido supera em US$ 5 bilhões o solicitado por Bush.

O presidente dos EUA, George W. Bush, fez um pronunciamento no qual considerou os atos terroristas de ontem como “atos de guerra”. Ele afirmou que as operações adotadas pelo país a partir de agora serão “uma batalha monumental entre o bem e o mal”.

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, já havia afirmado que o governo responderia “como se estivesse em guerra”. Entrevistado pelo programa “Good Morning America”, da rede de TV ABC, Powell afirmou: “O povo norte-americano possui um entendimento claro de que isso é uma guerra. É assim que vemos isso. Não se pode encarar isso de outra forma, seja isso legalmente correto ou não”.

“Temos de responder a isso como se fosse uma guerra. Temos de responder com a noção de que isso não se resolverá com um contra-ataque simples contra um indivíduo. Será um conflito de longo prazo”, afirmou.

O secretário, no entanto, ressaltou que os EUA não lançariam, por enquanto, nenhuma operação militar e que o país não sabia ainda quem estava por trás dos ataques. “Estamos longe de selecionar qualquer alvo militar ou de decidir como atacar esses eventuais alvos. Temos de traçar uma estratégia”, disse.

Uma pesquisa do jornal “The Washington Post” e da rede de TV ABC revela que 94% dos americanos são favoráveis a represálias. De acordo com o levantamento, 84% dos entrevistados apóiam a retaliação militar contra qualquer país que tiver colaborado com as ações terroristas.

As Forças Armadas dos EUA estão em alerta máximo, dentro e fora do país. Navios, aviões e submarinos nucleares estão na costa de Nova York para proteger a cidade de eventuais ataques.

Os ataques

Os Estados Unidos foram alvo da maior série de atentados terroristas da história, que reduziram as torres gêmeas do World Trade Center a escombros e destruíram parte do Pentágono, sede do Ministério de Defesa do país. Os dois conjuntos de edifícios são símbolos do poderio econômico e militar dos EUA, respectivamente.

A tragédia começou na ilha de Manhattan, em Nova York, quando dois aviões tiveram sua rota desviada por terroristas e jogados contra as principais torres do WTC. Cada prédio tinha 110 andares, nos quais trabalhavam 50 mil pessoas [150 mil circulam nos seus arredores, diariamente]. Horas depois das explosões, as duas torres, cada uma com 417 metros de altura, desabaram sobre Manhattan.

Pouco antes do desabamento, as TVs norte-americanas mostravam pessoas acenando por socorro, com panos brancos, nas janelas. Também era possível ver pessoas se atirando dos prédios em chamas.

Outros suspeitos

Após as primeiras explosões, um grupo desconhecido [auto-intitulado Exército Vermelho do Japão] chegou a assumir a autoria dos ataques, mas aparentemente não foi levado a sério.

Durante a madrugada, um grupo de separatistas muçulmanos da Caxemira, baseado no Paquistão, reivindicou os atentados. Segundo o grupo radical Lashkar-i-Taiba, que luta contra a presença indiana na Caxemira, “o ataque foi realizado pelos Feddayin (comandos suicidas) dirigidos pelo comandante Abu Samama”.

O porta-voz da organização, Jalid Saif, afirma que “os ataques contra o World Trade Center e outros objetivos não foram um ato terroristas, mas um dever islâmico”. A reivindicação não pôde ser confirmada por uma fonte independente.