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Diversificação com conservadorismo, o caminho para o investidor

Guarulhos, 03 de julho de 2002

Passada a conquista do pentacampeonato de futebol, sobram poucos motivos para o brasileiro festejar: dólar em alta, bolsa em queda, risco-país disparando e a expectativa das eleições guiando o mercado de maneira irracional. Em meio a esta confusão, qual o porto seguro para a aplicação das economias neste segundo semestre? Especialistas em finanças recomendam o máximo de cautela e a distribuição de risco em pulverizados tipos de investimento. Certificados de Depósitos Bancários (CDB), imóveis e até mesmo a combalida poupança surgem como opções num momento em que o conservadorismo dá o tom dos negócios.

Para o analista financeiro Mauro Halfeld, os CDBs são uma opção interessante para os “órfãos dos fundos DI'. Ele lembra que, até bem pouco tempo, os fundos DI eram considerados um dos mais conservadores, mas perderam a credibilidade depois que o governo antecipou, de setembro para maio, a marcação a mercado dos títulos que compõem a suas carteiras. Como esses papéis estavam em queda, o valor das cotas dos fundos DI despencou, causando perdas de até 4% para os investidores.

– O fundo DI ainda deve render mais que a poupança na média, mas quem não tiver estômago para as oscilações deve negociar taxas atrativas para os CDBs juntamente aos bancos, tentando conseguir mais que 0,6% ou 0,7% ao mês, descontada a CPMF em cada vencimento do prazo de resgate – recomenda.

Atenção ao negociar – Como os CDBs são títulos da dívida de instituições financeiras, Halfeld faz questão de ressaltar que o investidor deve negociar apenas com bancos de primeira linha, para não correr o risco de levar um calote. Quem ainda não conseguiu juntar uma reserva financeira equivalente a seis vezes o seu gasto mensal, na opinião do analista, deve considerar também a caderneta de poupança.

Se o investidor já formou um colchão de reservas para ser usado em imprevistos, a dica é apostar em diversos tipos de aplicações. Mauro Halfeld recomenda que as economias sejam aplicadas da seguinte maneira: 50% em imóveis, 20% em ações, 20% em ativos dolarizados e 10% em fundos DI.

O analista Fernando Coelho, da ABM Consulting, também vê na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) boas pechinchas, mas ressalta que ações são investimentos que devem ser feitos num prazo de um ano e meio a dois, no mínimo.

– O melhor é investir em blue chips, ações que fazem parte do índice da bolsa e que, portanto, têm mais liquidez. O investidor também deve aplicar de maneira diversificada, de forma que fique protegido. Se investiu numa exportadora, deve se resguardar aplicando também em uma importadora – ensina.

Pré-fixados para quem aposta em queda da Selic – Os fundos pré-fixados, por sua vez, são recomendados para os investidores que apostam num cenário de redução da taxa de juros da economia. Recentemente, o Banco Central alterou o sistema de metas de inflação, alimentando expectativas de que isso poderá ocorrer nos próximos meses.

– As taxas de contratos futuros de juros de 30 ou 90 dias chegaram a 23%. Quem acredita na manutenção da Selic em 18,5% ou até mesmo em uma redução da taxa, pode contar com um bom espaço de ganhos – diz o consultor do Laboratório de Finanças da Universidade de São Paulo (USP) Ricardo Humberto Rocha.

O especialista, no entanto, acha que o BC só promoverá um corte na taxa de juros caso o cenário eleitoral fique mais claro e se mostre favorável ao atual governo. Já as aplicações em dólar, em sua opinião, devem ser feitas apenas por aqueles que planejam viajar ou fazer um curso no exterior, já que a tendência é de que o mercado se acalme após as eleições.

Juliana Rangel