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Desemprego é o principal causador da inadimplência

Guarulhos, 12 de agosto de 2004

J.R., de 31 anos, sempre pagou suas dívidas em dia. No ano passado, porém, exagerou nas compras com cartão de crédito e não conseguiu quitar o débito. Devido à taxa de juro cobrada, a conta foi aumentado mês-a-mês. Para complicar, ela ficou desempregada no final do ano e passou a pagar apenas o valor mínimo, até que as reservas acabaram e nem isso mais ela pôde fazer. O resultado é que seu nome foi incluído pela financeira responsável no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) por falta de pagamento. A exemplo de J.R., 60% das pessoas que ficam inadimplentes é em razão do desemprego próprio ou de alguém da família, segundo apontou a pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) durante o mês de julho junto a consumidores inscritos no SCPC.

A boa notícia é que daqueles que apontaram o desemprego como o principal fator da falta de pagamento, 58% já estão empregados. Mas 65% indicaram que precisaram cortar gastos para quitar ou renegociar a dívida para “limpar o nome”. Outros 11% afirmaram que usaram recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 16% recorreram a empréstimos mais vantajosos.

Para o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, o fato dos consumidores inadimplentes cortarem gastos para pagar suas dívidas é bastante positivo. “Isso mostra que o consumidor está mais consciente”, afirma Afif.

Outros motivos – Mas, além do desemprego, 12% dos entrevistados afirmaram que ficaram inadimplentes porque emprestaram o nome a terceiros. É o caso, por exemplo, de M.J.S, de 24 anos. Ela fez um empréstimo em seu nome para uma amiga, que aparentemente havia efetuado todos os pagamentos de forma correta. “Agora, fui fazer um empréstimo para mim e descobri que meu nome estava no SCPC. Fiquei muito nervosa porque sempre paguei minhas contas em dia. Vim aqui (no balcão do SCPC) verificar o que aconteceu e qual não foi minha surpresa ao ser informada que foi justamente a empresa que eu fiz o empréstimo para minha amiga que incluiu meu nome no SCPC. Parece que ficou uma pequena pendência daquela dívida, que foi feita há mais de dois anos”, conta.

Agora, ela vai tentar negociar diretamente com a empresa a melhor forma de efetuar o pagamento. “Espero que eles me dêem um bom desconto, ou dividam a conta, pois eu nem sabia desse débito.”

Opções de pagamento – Somente nos cancelamentos realizados no balcão do Serviço de Recuperação de Crédito da entidade, 47,2% foram por meio de pagamento a vista e os 52,8% restante foram através de renegociação em duas ou mais parcelas, mas não ultrapassando 12 vezes.

Segundo Marcel Solimeo, economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal da da ACSP, desde o ano passado vem aumentando o número de cancelamentos de registros na base operadora junto ao SCPC, que além de todo o Estado de São Paulo, engloba ainda os estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Para se ter uma idéia, o número de registros cancelados no mês de julho representa 86% dos registros recebidos no mesmo mês, contra 79% em igual período do ano passado. Esses 86% correspondem aos 2.425.658 registros excluídos, contra os 2.824.658 incluídos no cadastro base São Paulo.

Patrícia Büll