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Copom fixa nova Selic em 19% ao ano

Guarulhos, 23 de outubro de 2003

Depois de muito suspense no mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira, 22, a redução em um ponto porcentual da taxa básica de juros (Selic). Com o corte, a taxa passou de 20% para 19% ao ano. O novo patamar dos juros foi anunciado após quase duas horas do horário previsto. A decisão não surpreendeu o mercado financeiro, que já apostava em uma redução entre 1 e 1,5 ponto. Mas frustrou, mais uma vez, o meio empresarial, que queria mais.

Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, a decisão foi conservadora e ficou abaixo das expectativas do setor real da economia, que aguardava uma redução entre 1,5 e 2 pontos.

“O importante agora é que se continue a redução da taxa Selic e que se promova uma nova redução dos depósitos compulsórios”, disse Afif. O presidente da Associação ressaltou que será fundamental neste momento que se adotem medidas para reduzir o custo efetivo do dinheiro.

Mais empenho – Para Afif, a queda da taxa Selic está próxima do limite de baixa, entre 15% e 17% ao ano e, visto que, tanto o câmbio quanto a inflação estão se mantendo dentro das expectativas, ele acha que é preciso mais empenho para reduzir a diferença entre a taxa básica e aquela que efetivamente é paga por empresas e consumidores nos empréstimos tomados em bancos.

“É preciso tornar mais efetiva as garantias nos financiamentos e permitir a criação de cadastros positivos que possam aumentar a segurança na concessão de crédito e possibilitar que se cobrem taxas diferenciadas de juros para beneficiar os bons pagadores”, diz.

Para o economista Alexsandro Agostini Barbosa, da Global Invest, o Banco Central jogou fora mais uma oportunidade de reativar a economia. “Foi um corte muito pequeno, que só vem agravar o quadro atual da economia, que já é crítico”, diz. A expectativa da Global Invest era de um corte de 1,5 a 2 pontos.

Um dia antes do anúncio da decisão do Copom, a empresa divulgou estudo no qual mostrava que os juros reais no Brasil estavam na vice-liderança mundial, perdendo apenas para a Turquia. “Agora esse quadro pouco vai mudar e as conseqüências serão desemprego por pelo menos mais seis meses e dificuldade para a economia crescer”, diz Barbosa.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota lamentando que a desaceleração da queda este mês, após ter declinado seis pontos em três meses.

“O Banco Central optou muito cedo por um ajuste fino da política monetária. Com isso reduz o impacto de cada decisão sua no nível de confiança de consumidores e empresários, tornando quase desprezível qualquer contribuição sua adicional para a economia neste final de ano”, disse o presidente da Federação das Indústrias, Horácio Lafer Piva.

O presidente da Ordem do Economistas de São Paulo, Synésio Batista da Costa, elogiou a redução dos juros, mas disse que é preciso uma ação mais enérgica do Banco Central para a indústria voltar a crescer.

“Se o Banco Central der um choque nos juros, a indústria está pronta para responder com um choque de produção e geração de empregos”, diz.

Adriana Gavaça