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Consumidor paga, para voltar a comprar

Guarulhos, 18 de dezembro de 2003

Arte“Aumento se deve ao crediário com juros menores”, afirma Guilherme Afif Domingos

Os números não mentem: o consumidor continua dando prioridade para o pagamento de dividas atrasadas para “limpar o nome”. Objetivo: voltar às compras o quanto antes. Os dados do Instituto de Economia “Gastão Vidigal”, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mostram que os registros cancelados junto ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) cresceram 18% na primeira quinzena de dezembro (em relação a igual período do ano passado), ante os 12,6% entraram para o cadastro.

Os números são recordes. Este ano a taxa de inadimplência chegou a 5%, o menor valor desde o ano de 1994. E, o esforço das pessoas em limparem seus nomes elevou o índice de recuperação de crédito para 76,2%, contra os 42,7% de nove anos atrás.

Segundo o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, as estatísticas comprovam um movimento que começou em 2002. Mas, naquela época, os recursos usados para quitar as dívidas vinham em grande parte dos pagamentos de correções do FGTS. Neste ano, as pessoas estão quitando suas dívidas a partir de cortes no orçamento familiar. “Hoje, há uma maior racionalidade no planejamento orçamentário”, diz Afif.

As estatísticas mostram ainda que 52% dos consumidores quitaram suas dívidas até 30 dias após a inclusão no cadastro de inadimplência. Outros 12,7%, em 60 dias.

Vendas aquecidas – Os números da ACSP trazem também uma outra boa notícia para o varejo. As vendas esquentaram na primeira quinzena dezembro: as consultas ao SCPC (indicam transações a prazo) subiram 10,6%, e ao UseCheque (vendas à vista), 10% em relação ao mesmo período de 2002. “Esse crescimento se deve ao crediário, com juros menores e prazos maiores, apesar na queda da renda dos trabalhadores”, explica Guilherme Afif Domingos.

Na comparação com o mês de novembro, o crescimento no movimento das transações a vista foi de 11,9%. Nas vendas a prazo, a elevação chegou à casa dos 31,8%.

Perdas no ano – Segundo o economista Marcel Solimeo, diretor do Instituto Gastão Vidigal da ACSP, a estimativa é que este mês de dezembro feche com uma elevação de 8% no movimento em relação ao mesmo período do ano passado. Mas ele acrescenta que nem tudo é positivo. No acumulado deste ano, as consultas tanto ao SCPC e quanto ao Usecheque continuam negativas em, respectivamente, de 1,6% e 1,5%.

Sergio Leopoldo Rodrigues