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Consumidor aposta em mais trabalho e mais compras

Guarulhos, 05 de novembro de 2003

O consumidor está mais otimista quanto à situação do país agora e nos próximos seis meses, acredita em um mercado de trabalho mais amigável e, conseqüentemente, pretende gastar mais. Essas são as conclusões da “Sondagem de expectativas do consumidor” de outubro, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Até no mercado de trabalho, que costuma reagir com defasagem a mudanças para melhor no cenário econômico, os obstáculos não parecem tão intransponíveis. Com os ventos começando a soprar a favor, o consumidor se anima e anuncia sua volta às compras”, explica a FGV.

Nos próximos seis meses, a situação do país estará melhor, segundo 53,75% dos entrevistados. Na sondagem anterior, em julho, essa foi a resposta de 41,53% dos entrevistados. Apenas 14,65% dos entrevistados em outubro acreditam que a situação vai piorar, contra 19,61% em julho. A diferença entre o percentual de otimistas e de pessimistas, em outubro, era de 39,1 pontos, menor que os 21,92 pontos de julho.

Mas a FGV lembra que subiu de 22,89% para 25,46%, de julho para outubro, a proporção de entrevistados que acreditam que a situação de sua família está pior do que a de seis meses antes. “Essa divergência, tudo indica, é temporária e deve ser desfeita à medida que a economia se recupere”, aposta a FGV.

Em resposta à pergunta sobre a situação da própria família nos seis meses seguintes, 58,74% prevêem melhoria e 9,79% acham que ela ficará pior. Em julho, os percentuais foram de 53,99% e de 8,24%, respectivamente. Portanto, aumentou o número de otimistas, mas também o de pessimistas. “Os entrevistados dispõem de meios mais objetivos e precisos para a avaliação de seu próprio futuro do que o do país”, diz a FGV. “Apesar do salto positivo na avaliação do presente, os indivíduos pouca coisa transferiram deste resultado para o futuro”.

Em outubro, 14,2% dos entrevistados disseram que será mais fácil conseguir trabalho nos seis meses seguinte, contra 9,48% em julho. “A melhora das expectativas do consumidor em relação ao futuro está intimamente ligada à possibilidade de se obter trabalho com maior facilidade”, diz a pesquisa. Mas a FGV explica que é mais lenta a redução do percentual de entrevistados que esperam piora do mercado de trabalho. Haverá mais dificuldade na opinião de 56,04% dos entrevistados. Em julho, esse grupo representava 57,06%.

A aposta em um mercado de trabalho melhor aumenta a disposição para o consumo. Em julho, 12,99% dos entrevistados pretendiam gastar mais com bens de valor alto nos seis meses seguintes, enquanto 54,24% poriam uma trava no consumo. Os percentuais passaram para 21,12% e 50,91%, respectivamente, em outubro.

Depois de dois trimestres seguidos de baixa, houve recuperação na intenção de compra de automóveis. Em janeiro, 11,88% dos entrevistados pretendiam comprar um automóveis nos seis meses seguintes. O percentual caiu para 8,72% em julho e voltou para os 11,88% no mês passado.

A sondagem de outubro, mostrou também o crescimento do contingente das pessoas que acham normal a situação econômica (de 24,76% em julho para 26,97% agora). Por essa razão, houve queda de 70,58% para 68,32% dos que classificaram a situação econômica como ruim. A FGV alerta, porém, que a proporção de entrevistados que consideraram boa a atual situação ficou “virtualmente inalterada”, passando de 4,66% para 4,71%.

Na avaliação dos técnicos da FGV, o gradativo retorno à normalidade também pode ser constatado na comparação que os entrevistados fazem entre a situação econômica atual e a de seis meses atrás. Para 20,39%, a situação em outubro mostrou ser melhor que a de abril. Na sondagem de julho, esse índice ficou em 14,38% dos pesquisados.

“Mesmo assim, seja pela apreciação direta seja pela comparação com os seis meses anteriores, a avaliação sobre a situação econômica do país apresentou melhora”, informa o documento da FGV.