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Cadastro positivo: valor tem de baixar

Guarulhos, 05 de julho de 2004

Na semana passada, o governo deu um passo à frente no que diz respeito ao chamado cadastro positivo ao lançar efetivamente no mercado o Sistema de Informação do Crédito, uma ampliação da Central de Risco de Crédito já existente. Mas o mercado de crédito pouco deverá andar com a medida. Isso porque, o novo sistema fornecerá informações a bancos e financeiras apenas dos consumidores que estiverem fazendo um empréstimo ou financiamento com valor igual ou superior a R$ 5 mil. O que, de cara, já elimina boa parte dos brasileiros que buscam dinheiro nessas instituições.

“Cerca de 80% de nossa carteira de clientes toma empréstimos com valor médio de R$ 3 mil”, diz José Tadeu da Silva, diretor de estratégia da Omni financeira. Segundo ele, a medida do governo é bem-vinda, mas não atinge o grosso dos consumidores, aqueles que mais precisam de crédito.

“Muito pouco” – Na opinião do diretor da Omni, o sistema lançado pelo governo, na forma como veio, “ainda é muito pouco diante do que o mercado precisa”. Ele repete que apenas uma parcela da população será contemplada. “Teremos de continuar trabalhando com o atual sistema de informações, que é o histórico negativo, ou seja, o histórico apenas do consumidor que é mau pagador”, completa, lembrando que onde tem a maior procura por crédito é na camada mais pobre da população.

Barganha – O objetivo do Sistema de Informação de Crédito é dar informações ao mercado sobre os consumidores que pagam em dia, têm um histórico de honrar seus compromissos financeiros, desde que autorizado pelo próprio consumidor. Os bons clientes, na visão do Banco Central, teriam mais poder para negociar taxas de juros menores. Um prêmio. Mas esse prêmio, no entanto, deverá ser para muito poucos também na opinião de Érico Ferreira, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

“É um grande passo que estamos dando, uma grande melhoria para o segmento de crédito como um todo, mas quem toma um empréstimo hoje de valor igual a R$ 5 mil ou acima dele já tem todas as condições de barganhar taxas de juros menores, não precisam tanto dos benefícios do Cadastro Positivo do governo”, diz Érico. Ou seja, o comércio continua descoberto e o consumidor, pagando juros maiores.