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Cadastro Positivo preocupa especialistas

Guarulhos, 06 de julho de 2009

As restrições previstas no projeto de Lei que possibilitará a implementação do Cadastro Positivo no Brasil são as grandes preocupaçõe de entidades de classe, em especial as Associações Comerciais. O texto aprovado pelos deputados federais em maio e que se encontra em tramitação no Senado Federal, foi tema do curso para jornalistas, “Como funcionará o Cadastro Positivo do Brasil”, promovido na última quinta-feira, 3, na Associação Comercial e Empresarial de São Paulo.


ACSP reuniu jornalistas para falar sobre o Cadastro Positivo

Entre as principais restrições apontadas pelo superintendente do Instituto Gastão Vidigal e economista da ACSP, Marcel Solimeo, é a comunicação do consumidor sobre seu registro de débito por meio do envio de um  “Aviso de Recebimento (AR)” que possui custo seis vezes maior que a carta comum utilizada para a comunicação. Solimeo enumerou ainda outras aberrações previstas no projeto, como a proibição de inclusão de inadimplência de serviços de prestação continuada (energia elétrica, telefonia, abastecimento de água, entre outras) e de débitos inferiores a R$ 60,00. “Se a inadimplência crescer, nós pagaremos a conta”, completou.

Sobre o envio do “AR”, Solimeo foi categórico. “É um absurdo e irracional. Querem tumultuar um sistema eficiente”, disse. “No Brasil, queremos ganhar o prêmio de originalidade, não queremos copiar um modelo já existente e eficiente. Queremos inventar a roda. O Cadastro Positivo tem que ser a moda brasileira”, criticou.

José Tosi, sócio-presidente da WitBusiness, que traçou um panorama do Cadastro Positivo pelo mundo, considera o projeto brasileiro aprovado pelos deputados inócuo. “O nosso legislador não está preocupado em deixar a vida do consumidor mais barata e fácil. Se o projeto for implementado da forma como foi aprovado, ele funcionará apenas para o crédito imobiliário e de veículos. A grande massa não será beneficiada”, contou.


Solimeo criticou projeto aprovado na Câmara dos Deputados

Já Sérgio Bahdur, consultor em Gestão de Risco, que falou sobre a evolução do crédito com o Cadastro Positivo, disse aos jornalistas que o mercado de crédito no Brasil continua estagnado, principalmente pelo histórico de anos em que o país viveu sob forte inflação e as crises econômicas. Ele apontou que o crédito para pessoa física no país gira em torno de 14% do Produto Interno Bruto (PIB); Pessoa Física e Jurídica, juntas, representam 42% do PIB. “O Cadastro Positivo vai valorizar a cultura dos bons pagadores, além de ampliar o acesso ao crédito”, falou.