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BNDES e Secretaria vão formular política industrial

Guarulhos, 07 de março de 2003

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Secretaria de Desenvolvimento Industrial estão encarregados de formular uma política industrial para o País. Ao apresentar o segundo escalão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o ministro Luiz Fernando Furlan informou que o Governo vai aprofundar o trabalho de identificação de gargalos nas cadeias produtivas para direcionar os recursos do BNDES.

“Esse vai ser um trabalho intenso agora porque em setores básicos de matérias-primas o Brasil precisa se programar com maiores investimentos para evitar que isso cause uma reação em cadeia nos setores produtivos”, disse Furlan. Como o BNDES não tem condições de atender a todos os pedidos de financiamento, explicou o ministro, o banco, com base no estudo, pode privilegiar exatamente aqueles setores que são mais relevantes para a economia.

Furlan comentou o estudo que recebeu na semana passada do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), mantido pela iniciativa privada, segundo o qual muitos setores na indústria de bens intermediários e de base estariam próximos do esgotamento de sua capacidade instalada, o que poderia comprometer o abastecimento interno e a expansão das exportações. O ministro considerou o estudo uma “fotografia instantânea da capacidade instalada porque não leva em conta os investimentos em curso e os programados no curto prazo”.

Furlan escolheu Carlos Gastaldoni para comandar a Secretaria de Desenvolvimento da Produção. Engenheiro graduado pela PUC-RJ, o novo secretário é mestre em metalurgia e trabalhava no BNDES.

O ministro anunciou também mudanças na Camex. Uma proposta de reformulação foi encaminhada aos demais ministros que integram o órgão. Furlan disse que espera comentários dos colegas. “Espero que ainda em março tenhamos uma proposta completa”, disse.

Caberá ao novo secretário-executivo da Camex, o empresário Mário Mugnaini Júnior, apresentado nesta quinta-feira, 06, à imprensa, acompanhar o processo. Engenheiro industrial, Mugnaini era diretor-executivo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Furlan indicou ainda Roberto Jaguaribe para a Secretaria de Tecnologia Industrial e Ivan Ramalho para a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Jaguaribe é diplomata e engenheiro de sistemas pela PUC-RJ e foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Ramalho é economista e já trabalhava no ministério como secretário-adjunto da própria Secex.

Exportações

O ministro informou ainda que na próxima semana irá discutir com o Ministério da Fazenda e Banco Central uma solução para pontos que dificultam as exportações. Segundo ele, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) já identificou estes pontos e está elaborando uma pauta com as respectivas propostas de solução. Entre elas a retirada das pequenas empresas exportadoras do Cadastro de Inadimplentes da Receita Federal (Cadin), a reformulação do Siscomex e a possibilidade de empresas de factoring fazerem exportação.

Furlan justificou a demora – 65 dias – para a escolha do segundo escalão. Segundo ele, os baixos salários dificultaram as negociações. Furlan contou que levou um mês para convencer Mário Mugnaini Júnior a aceitar a secretaria-executiva da Camex. “As pessoas estão acostumadas com salários da iniciativa privada”, justificou.

Balança: Argentina e Ásia, os destaques no superávit

A combinação de fatores positivos para o Brasil no mercado internacional – o início da recuperação da Argentina e o aumento dos preços do petróleo – além da penetração dos produtos brasileiros em mercados alternativos como a Ásia e Europa Oriental, asseguraram o superávit recorde da balança comercial, no mês de fevereiro, de US$ 1,123 bilhão e, pela primeira vez na história, a marca de US$ 5 bilhões nas exportações.

A recuperação da Argentina deverá assegurar o crescimento do comércio com o Brasil em US$ 1 bilhão este ano, previu o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho. Segundo ele, o crescimento das exportações brasileiras para aquele país pode chegar a até US$ 3,4 bilhões. O maior aumento das vendas no mês passado foi para o Mercosul, US$ 329 milhões, de 40,3%. Só a Argentina comprou US$ 261 milhões em produtos nacionais, crescimento de 79,3%.

Em relação a fevereiro do ano passado, a Secex registrou crescimento de 34,3% nas vendas para a Ásia ( US$ 658 milhões). O maior crescimento nas vendas foi para a Índia, de 152% em produtos como petróleo, equipamentos mecânicos e eletroeletrônicos. A China aumentou as suas aquisições em 107,9%, concentradas em minérios, produtos siderúrgicos, celulose e veículos.