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Bancos lançam fundos DI mais conservadores

Guarulhos, 24 de junho de 2002

Acaba de chegar ao mercado a chamada nova geração de fundos DI e de renda fixa: mais conservadores, com aplicações em títulos de curto prazo com vencimento em 2002 e 2003 e a promessa de menos volatilidade em tempos de turbulência.

Indicados para investidores com pouco apetite de risco, eles foram criados como opção para quem, como a aposentada Márcia Magalhães Monteiro, quer evitar as oscilações dos fundos DI e de renda fixa tradicionais.

Cliente de um grande banco de varejo há mais de 25 anos, ela busca alternativa de investimento após as perdas registradas com a nova regra de marcação a mercado, que determina que os fundos reflitam diariamente as oscilações de preços.

– Estou satisfeita com o meu banco, mas quero hoje uma aplicação mais segura, com menos risco e que me traga um retorno superior ao da poupança. Não quero levar sustos cada vez que olhar o saldo do meu investimento – diz Márcia.

É pensando em clientes como ela que instituições como HSBC, Itaú e Sul América lançaram os primeiros produtos, há duas semanas. ABN e Unibanco também já começam a pensar no lançamento de novos fundos.

Títulos, CDBs e “overnight” – O HSBC, por exemplo, oferece dois fundos DI de curto prazo com o mesmo perfil de risco: o FAC HSBC Liquidez DI Plus e o FAC HSBC Liquidez DI.

Ambos investem em papéis com prazo médio de 90 dias. Até 80% do patrimônio do fundo podem ser aplicados em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), aplicação que paga taxa de juros fixa ou variável; até 30% em títulos pós-fixados (por exemplo, Letras Financeiras do Tesouro) de curto prazo; e até 20% no overnight (títulos remunerados pelos juros e resgatados diariamente).

– A diferença está no mínimo de investimento e na taxa de administração: enquanto o primeiro exige aplicação inicial de R$ 100 e cobra taxa de 2,75% ao ano, o segundo tem aplicação de R$ 50 mil e cobra 1% no mesmo período – explica Jorge Mitsumi, diretor de Produtos do HSBC Brain Asset Management.

Moacir Castanho, superintendente de Fundos de Investimentos do Itaú, conta que o banco também entrou com força total no novo mercado: lançou dois produtos que, como os do HSBC, estão aplicados no overnight. Um deles exige mínimo de aplicação de cem reais, mas o investidor paga uma taxa mais salgada: 4% ao ano.

Troca-troca aumenta perdas – Após forte demanda dos clientes, a consultoria de investimentos MaxBlue, do Deutsche Bank e do Banco do Brasil, também colocou o produto na prateleira. O Exclusive DI MaxBlue FAQFI, encomendado à gestora JP Morgan Fleming, chega ao mercado com a promessa de liquidez total e curto prazo de retorno.

– A meta é render 99% do CDI, já descontada a taxa de administração. Para alcançar este resultado, aplicamos o patrimônio no overnight e em LFTs que vencem em 2002 e 2003 – afirma Marcelo Paixão, diretor de Produtos da MaxBlue.

Já a Sul América Investimentos aposta no segmento com o Sul América DI Curto Prazo FIF, um fundo que aplica no mínimo 95% de seu patrimônio em títulos públicos e privados indexados ao DI.

Marcelo Beraldo, gerente de Informações da instituição, diz que o grande atrativo da aplicação, além do prazo mais curto de vencimento dos títulos (de, no máximo, 180 dias, ou seja, ainda em 2002, quando o risco político é menor), é a taxa de administração: 0,4% ao ano, contra os 4% cobrados no mercado.

Apesar das taxas mais baixas, a incidência de Imposto de Renda sobre a rentabilidade nominal dos fundos é idêntica à dos fundos tradicionais: 20%, recolhidos no último dia útil de cada mês ou no resgate das cotas.

Rentabilidade menor – Roberto Pitta, diretor Comercial da gestora de recursos Mellon Global Investment Brasil, lembra que, por terem perfil mais conservador, apresentando baixo risco para o investidor, os novos fundos devem contabilizar rentabilidade mais baixa do que a dos produtos já disponíveis no mercado.

Apesar das vantagens dos novos fundos, o investidor deve colocar na ponta do lápis o custo da troca de aplicação. Consultores financeiros alertam que, ao fazer a transferência para um novo fundo, há a cobrança de CPMF, o que pode provocar nova perda de rentabilidade.

Mesmo atraído pela possibilidade de investir em produtos que têm risco e oscilações menores, o consultor de logística Luiz Marcelo Martins Almeida preferiu manter seu dinheiro aplicado no fundo DI original.

– Passado o susto inicial, vi que as perdas começaram a ser revertidas. Por enquanto, não penso em mudar de investimento.

Patricia Eloy