Cresce lista de presentes da classe E
A classe E brasileira, formada por consumidores com renda mensal individual de até R$ 300, já faz planos de comprar bens de maior valor neste Natal. Essa é uma das conclusões da pesquisa Ipsos/ACSP de intenção de compra divulgada ontem. Embora boa parte desses consumidores ainda pretenda presentear com roupas e calçados (23,5%), entre suas ambições também estão TVs, fogões, geladeiras e armários de cozinha (veja no quadro do alto da página). O destaque, no entanto, ficou com celulares, citados por 33,3% dos entrevistados pertencentes à classe E. O levantamento, feito com mil pessoas de todo País, mostrou também que a classe A (com renda superior a R$ 1,8 mil), tem outras preferências, como CDs, viagens e livros – itens que, por sinal, não foram mencionados pelos consumidores da ponta oposta da pirâmide.
Segundo o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Emilio Alfieri, a classe de menor renda, que começa a se interessar por bens de maior valor, é o grande nicho a ser explorado hoje pelo varejo. “Só no Bolsa Família são atendidas 12,5 milhões de pessoas. Trata-se de uma população que está sendo incluída no sistema econômico e que tem um enorme potencial de compra financiada, principalmente no caso de eletroeletrônicos”, afirmou. “Esses produtos são, na entrada no mercado de consumo, o sonho de compra dessas pessoas.”
Para ele, algumas ações podem ajudar o varejo. “O comércio tem de alongar prazos e oferecer facilidades.” A liberação de crédito, segundo Alfieri, está mais segura para o comércio, pois a inadimplência está sob controle. E os juros, se não continuam caindo, não aumentam por enquanto. Há, ainda, a questão de preço: consumidores da classe E querem comprar bens acessíveis, ponto que merece a atenção do varejo. A pesquisa Ipsos/ACSP mostrou que essa classe pretende, na média, adquirir televisores a R$ 497, geladeiras a R$ 563 e fogões a R$ 415.
Campeões A exemplo do que foi registrado nos levantamentos dos anos anteriores, em 2009 roupas e calçados lideram a lista de presentes em todas as classes, citados por 65,7% dos entrevistados.
De acordo com Alfieri, não deve ser possível dizer se o Natal será mais de grandes presentes ou de lembrancinhas. “Há equilíbrio. Na média, a pesquisa mostra que 24% vão comprar lembrancinhas, enquanto outros 24% pretendem adquirir produtos mais caros, como móveis e eletrodomésticos.” Outros 33% afirmaram que não comprarão nada neste final de ano. “O que não conseguimos determinar é se essas pessoas deixarão para comprar depois das festas, aproveitando as liquidações de início de ano”, ressaltou Alfieri.
