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Indústria guarulhense terá prejuízo de R$ 750 milhões com feriados

Guarulhos, 10 de dezembro de 2008

A indústria de Guarulhos deixa de faturar, a cada feriado, R$ 50 milhões, o que totalizará R$ 750 milhões em 2009. A afirmação é do diretor-titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, regional Guarulhos, Daniele Pestelli. Em 2009, dos 12 feriados nacionais, 11 serão em dias úteis. Há, ainda, dois feriados estaduais e dois municipais. Logo, o cálculo é simples: 15 dias parados vezes R$ 50 milhões. Total: R$ 750 milhões. “Grosso modo, o raciocínio é este. O PIB [Produto Interno Bruto] industrial da cidade é de R$ 10 bilhões. Isso significa que são gerados R$ 50 milhões a cada dia trabalhado e o mesmo valor é perdido a cada dia parado”, calculou Pestelli.

“O impacto sobre o setor produtivo é muito grande e negativo. Para a indústria, que trabalha com máquinas de uso contínuo, isso é terrível”, afirmou o presidente da Associação dos Empresários de Cumbica (Asec), Antonio Roberto Marchiori. Ele citou, como exemplo, empresas que dependem de fornos. “Quando desliga, é preciso de um tempo para reaquecer para voltar a funcionar. Isso gasta mais energia e tempo de trabalho, atrapalhando a produtividade”.

Dos 11 feriados nacionais em 2009, dois serão em terças-feiras e outros dois em quintas-feiras. “Os feriados-pontes são piores ainda. Nestes casos, mesmo não sendo obrigatória a parada na segunda ou na sexta, cria-se uma expectativa nos colaboradores. O presidente em exercício da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Guarulhos, Jorge Taiar, contou que o movimento em sua loja foi 75% menor no feriado do aniversário de Guarulhos, segunda-feira, dia 8 de dezembro. “Imagina quanto todo o comércio da cidade perdeu? É ruim para todos. É um processo em cadeia. O comércio perde vendas, a indústria perde produção, a cidade perde arrecadação.”

Exclusão – Segundo ele, os prejuízos são grandes, particularmente nos feriados-ponte. “Na quinta, por exemplo, além do dia parado, o movimento é muito menor também na sexta e no sábado”. Taiar sugere a exclusão o número de feriados religiosos do calendário oficial, além de transferir para sábado ou domingo outros feriados. “Apesar de eu ser católico, não vejo motivo para tantos feriados católicos. Deveriam ser excluídos.” O vice-presidente da Agência de Desenvolvimento de Guarulhos (Agende), Decio Pompêo Junior, concorda. “Gostaria muito que houvesse estudo do Legislativo para transferir os feriados municipais para o sábado ou para o domingo. Ao contrário do que muitos pensam, que empresário só visa lucro, não é isso. O empresário tem visão macro, de continuidade do desenvolvimento econômico e geração de empregos”.

“Se olhar com os olhos do patrão, feriado é ruim. Mas na visão de quem defende o trabalhador, feriado é direito. O trabalhador precisa de descanso e lazer”, defendeu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, José Pereira dos Santos. Na opinião dele, o grande problema são as poucas opções de lazer oferecidas pelo poder público.

“Nós temos o Clube de Campo, que oferece tudo para os metalúrgicos recarregarem as baterias e voltarem ao trabalho com energia. Infelizmente, nem todas as categorias contam com isso. É preciso que o município, o Estado e a União garantam condições de lazer para a sociedade. Ninguém descansa em casa. Em condições adequadas, o trabalhador volta para a empresa e produz mais e com mais qualidade”, avaliou Pereira.

O economista da Universidade Guarulhos (UNG), Antonio Candito Azambuja, também defende o descanso. “O problema dos números é calcular pela média. Tem uma idéia na economia que diz que não existe almoço de graça, porque se alguém não está trabalhando, alguém está pagando aquela conta. Só que o ser humano precisa descansar. Sim, a economia perde, em números, mas quanto será que efetivamente na produção com um trabalhador descansado. Precisa ponderar isso”, disse Azambuja.

Rendimento – Para o presidente da Associação do Comércio e da Indústria de Pimentas e Bonsuceso (Acipib), Jorge Ferro Brandão, está comprovado que a folga e o lazer são fundamentais para o trabalhador, e até para a empresa. “É claro que o feriado sempre gera alguma perda. Mas tem o lado bom. No dia seguinte, o trabalhador tem rendimento muito melhor. É preciso ter cuidado nas avaliações frias dos números. Eu tenho loja. E já fizemos alguns testes. Comprovamos que, no dia seguinte ao descanso, o rendimento é melhor. As perdas com feriados não são tão grandes assim “, garantiu Brandão.

Segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, o país perderá, com os feriados, 5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2009.