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Poupança bate recorde e deve continuar atraindo investidores

Guarulhos, 18 de fevereiro de 2008

Um dos investimentos mais tradicionais no mercado brasileiro, a caderneta de poupança voltou a roubar a cena neste início de ano, depois de ter encerrado 2007 com recorde de captação. O agravamento da crise na economia americana e a redução do nível de juros no Brasil levaram muitos investidores a optar pela velha caderneta.

Apenas em janeiro, a captação líquida (depósitos menos saques) somou R$ 1,8 bilhão, ante R$ 217,3 milhões em igual período do ano passado, conforme dados do Banco Central (BC). E a tendência, dizem analistas, é a de que esse movimento ganhe ainda mais força nos próximos meses, já que a rentabilidade da poupança empata ou, em alguns casos, supera o retorno oferecido por fundos de investimento.

No ano passado, a poupança rendeu 7,7%, ante rentabilidade média de 11,82% dos fundos de investimentos do tipo DI, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). A valorização foi menor, mas é preciso lembrar que o investidor que aplicou o dinheiro no início do ano no fundo e resgatou os recursos no último dia de dezembro teve de pagar 20% de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos, o que significa menos lucro no período. Já quem aplicou na caderneta, não teve esse desconto, pois ela é isenta de impostos.

“O investidor também não pode esquecer de colocar na conta o valor da taxa de administração cobrada pelos bancos nos fundos de investimento”, destaca o matemático especializado em juros José Dutra Vieira Sobrinho. Segundo ele, se a taxa de gestão de um fundo DI que rendeu 11,82% no ano passado superou 2%, certamente a rentabilidade empatou com a da poupança. “Não podemos esquecer ainda que há bancos que cobram até 4% de taxa de administração. Nesse caso, vale a pena ficar na poupança, porque o ganho final será maior”, afirma.

Na opinião do professor do Laboratório de Finanças da USP Ricardo Humberto Rocha, no entanto, esse conselho só é válido para investidores de pequeno porte – os que têm até R$ 10 mil para aplicar. “Investidores com mais recursos têm condições de negociar taxas de administração menores ou de procurar investimentos mais atrativos, como o CDB, indexado ao CDI”, diz.

Juros –
Se a taxa básica de juros (Selic) voltar a cair em 2008, os analistas dizem que a poupança deve ser ainda mais beneficiada. O retorno dos fundos DI, por exemplo, é atrelado à variação da Selic — qualquer alteração para cima ou para baixo da taxa tem influência direta sobre a rentabilidade. “Até o início do ano, a queda dos juros era ruim também para a poupança, porque atinge diretamente a Taxa Referencial (TR), base para o cálculo da caderneta. Mas a decisão do governo de garantir retorno de pelo menos 0,5% ao mês para a poupança, eliminou esse efeito negativo”, diz Dutra.

O matemático faz apenas um alerta para quem for aplicar na caderneta: não esquecer que o dinheiro só deve ser sacado no dia de aniversário da caderneta. “Isso porque, se o recurso for tirado um dia antes, o investidor terá perdido os juros de um mês”, afirma.