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Alerta para empresários: cuidado com boletos suspeitos

Guarulhos, 09 de julho de 2007

Empresários de primeira viagem que acabam de receber o CNPJ devem se cercar de cuidados para não dar lucro a entidades de classe desconhecidas no mercado, sem qualquer representação

Apostando na desatenção, muitas enviam de forma aleatória boletos de cobrança de “contribuição anual” a empresas que tiveram seus nomes divulgados no Diário Oficial do Estado. O pior: há quem use nome semelhante a de entidades tradicionais para confundir o empresário, que só mais tarde descobre o truque.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) há muito tempo é vítima de uma delas: a Associação Comercial do Estado de São Paulo (Acesp). Numa das remessas de boletos enviados recentemente, do Banco Santander, o valor cobrado é de R$ 349,98. “É comum recebermos ligações de associados que perguntam se a cobrança é da ACSP”, diz Jorge Mol, do departamento jurídico da entidade.

Segundo o advogado, em geral os contatos são feitos pelos novos associados. “No meio de tanto papel, muitos podem realmente se confundir, daí a importância de checar com cuidado o nome de quem está enviando a ordem de cobrança”, aconselha. Além da Acesp, merece atenção especial a Assessoria a Autônomos, Comércio e Indústria do Estado de São Paulo (AACIESP) e a Associação Nacional da Indústria e Comércio.

No boleto da AACIESP, o valor cobrado é R$ 228,25. Vem impresso o seguinte recado: “Após confirmação de pagamento pelo banco, o estabelecimento receberá via correios o kit contendo as portarias de orientação e defesa do consumidor com seus respectivos telefones”.

A reportagem do Diário do Comércio ligou para o número do telefone que aparece no boleto. Do outro lado, a voz da secretária eletrônica: “Você ligou para a AACIESP. Estamos ocupados no momento. Queira por gentileza ligar daqui a alguns instantes”. Na segunda tentativa de contato, de novo a secretária.

Dados
– O Diário Oficial do Estado é a principal fonte de informações dos dirigentes dessas supostas entidades ou sindicatos. No meio de um calhamaço de folhas, procuram pacientemente o nome das empresas recém-abertas e respectivos endereços. “Já denunciamos o fato à Junta Comercial, que fornece as informações, mas não há muito o que fazer nesse sentido, pois a publicação dos dados é obrigatória por lei”, explica José Maria Chapina Alcazar, presidente do Sindicato das Empresas Contábeis no Estado de São Paulo (Sescon-SP), que também recebe reclamações de seus associados, vítimas do mesmo problema.

Segundo ele, a orientação do sindicato é informar ao contador sobre o recebimento da cobrança. Além dos boletos duvidosos, os escritórios de contabilidade ligados ao sindicato também vêm sendo vítimas de “vendedores” de assinatura ou de anúncios de revistas supostamente editadas por associações representativas de funcionários do governo, como a de auditores fiscais. “Oferecem o produto em troca de proteção fiscal”, alerta Chapina.