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Empresários estão mais otimistas

Guarulhos, 01 de março de 2007

O empresário brasileiro prevê um 2007 melhor do que o ano passado, mas espera ações rápidas do governo federal, como as estruturais, que envolvem a reforma tributária, a redução dos gastos públicos e o aumento dos investimentos na infra-estrutura do País. Esse foi um dos resultados indicados pela pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, com 372 empresas e divulgada ontem.

A pesquisa indica que 96% das empresas esperam uma ampla reforma tributária nos próximos quatro anos, e 82% também consideram a redução dos gastos públicos como fator primordial para o incentivo aos investimentos do setor privado. Outros 77% esperam uma melhora significativa na infra-estrutura do País.

Investimentos – Em relação aos investimentos, 57% dos entrevistados indicaram um aumento em 2006; ante 24% que mantiveram estabilidade; e 19% que indicaram uma redução. Já para este ano, 64% dos executivos informaram que ampliarão os investimentos; 25% manterão nível estável; e 11%, reduzirão. José Paulo Rocha, sócio da Deloitte, avalia que esse resultado indica um grau elevado de otimismo do empresariado, mesmo com um crescimento abaixo do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9% em 2006.

Quanto à origem dos recursos para a ampliação da capacidade produtiva, o estudo revelou que 67% atuaram com capital próprio em 2006, 36% buscaram financiamentos nos bancos comerciais, e 24% nos bancos de fomento, como, por exemplo, no Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outros 5% registraram a entrada de novos acionistas privados, 4% emitiram títulos das dívidas no mercado local e 3%, no exterior. Apenas 1% realizou oferta pública de ações.

Segundo Rocha, o alto índice de ações com capital próprio tem como principal fator a oferta reduzida de crédito para pessoa jurídica. Ele explicou que, mesmo com uma evolução da oferta de crédito, apenas 25% do equivalente ao PIB é destinado às empresas, o que dificulta a captação.

Perspectivas – Para 2007, esse cenário deve se repetir. O destaque para o médio prazo é a elevação de 1% para 3% das empresas que projetam a primeira oferta pública de ações. Já os recursos excedentes terão como destino o capital de giro, com ênfase para recomposição de estoque e pagamento dos recebíveis (65%), fundos de investimento (33%), imobilização de ativos (29%) e para o mercado de ações (2%).

As empresas apostam que o setor de construção e material para construção será o destaque de 2007; em segundo lugar fica a indústria de alimentos, bebidas e fumo e, depois, a de tecnologia e computação.

Índices econômicos – O empresariado aposta no crescimento de 3,5% do PIB em 2007; a inflação ficará na casa dos 3,5% e a taxa básica de juros fechará o ano em 11,75%. A expectativa para o câmbio é de um fechamento em R$ 2,28.

O economista chefe do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Carlos Cavalcanti, confirmou a tendência de otimismo da indústria em 2007. Segundo ele, mesmo com a manutenção de um corte na ordem de 0,25 ponto percentual na taxa básica juros, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o setor produtivo não freará suas metas para o ano.

O economista reforçou que os empresários esperam mesmo a redução da carga tributária e investimentos em infra-estrutura, fatores que incentivariam uma evolução expressiva dos investimentos. “São as ações mais aguardadas. A reforma tributária é essencial para uma economia que pretende crescer mais do que 3,5% no ano”, disse Cavalcanti.