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Copom confirma expectativa de alta do juro

Guarulhos, 20 de janeiro de 2005

Sem surpresas para o mercado e sob uma chuva de críticas, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez aquilo que a praticamente todo mundo esperava: elevou a taxa de juros básica em 0,5 ponto porcentual, passando com isso a Selic para 18,25% ao ano. Foi a quinta alta consecutiva.

O aumento já vinha sendo sinalizado nas últimas atas e também pelas últimas declarações do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que reforçaram essa aposta por meio de declarações nos últimos dias.

“O aumento na taxa básica foi consumado. O segundo passo é esperar pela ata do Copom, que nos dará a sinalização futura para a formação de expectativa dos próximos meses, extremamente importante para o comércio”, disse Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Esperado – Na opinião do analista da GRC Visão, Alexsandro Agostini, o Banco Central fez o que o mercado já esperava, de forma que esse aumento já está nos preços. “A curto prazo essa alta pode até gerar um novo ciclo de positivismo para a economia. Mas caso a tendência permaneça, coloca em risco o setor produtivo”, explica ele.

“É uma decisão acertada apenas se olharmos exclusivamente pela ótica da política monetária, mas não podemos esquecer o ritmo de produção”, ressalta o consultor financeiro Luís Gustavo Cardoso.

A nova alta foi criticada também pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que considerou a decisão como reafirmação da rigidez da política monetária, que deverá afetar a produção industrial. “Essa política de aperto monetário não produz, sobre o conjunto da economia, o efeito que o BC supõe (o de controle da inflação)” disse o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro (PTB-PE).

bv – Na opinião de Rogério Mori, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, o aumento dos juros básicos não combate a principal causa da inflação, que são os reajustes de preços administrados. “Mas se os juros não fossem elevados, a inflação seria muito maior. A alternativa para essa política monetária seria apertar a política fiscal, cortando gastos públicos para reprimir a demanda, o que não foi feito em 2004”, diz.

O ex-diretor de política monetária do Banco Central e economista do Ibmec, Carlos Thadeu de Freitas, acha que, depois do aumento promovido ontem o Copom poderá manter os juros inalterados já partir de fevereiro, iniciando, assim, uma trajetória de queda a partir do mês de junho.

Vanessa Jaguski