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Produção industrial segue em ritmo acelerado

Guarulhos, 09 de agosto de 2004

A indústria brasileira teve uma expansão significativa no primeiro semestre: 7,7%, mais que o dobro da previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País para o ano. Alguns setores tiveram desempenho acima de qualquer expectativa, como é o caso de veículos (26,1%) que sustenta a liderança na atividade, máquinas e equipamentos (16,2%), material eletrônico e de comunicações (35,4%) e outros produtos químicos (7,9%). Os segmentos de bens de capital (25,2%) e de bens de consumo duráveis (23,9%) lideraram a expansão, enquanto bens intermediários (6,2%) e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (2,1%), ficaram abaixo da média da indústria.

Se esses números, divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam a retomada do crescimento econômico, também expressam o risco de pressão inflacionária no médio prazo, uma vez que a indústria já está atingindo o limite de sua capacidade instalada. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), as unidades fabris do País já estão trabalhando com 83,3% de sua capacidade total.

Base fraca – “A produção industrial mostrou e vai mostrar expansão, mas não a níveis tão elevados como antes”, diz Marcelo Ávila, economista-chefe da consultoria Global Station. “Não teremos um crescimento tão forte como antes porque saímos de uma base fraca de comparação 2003) e porque a capacidade instalada está no máximo.”

Na comparação do desempenho da indústria no mês de junho com maio passado, o crescimento do volume de produção já se mostrou menor, com alta de 0,5%, considerando-se que no período de maio a abril o aumento foi de 2,2%. “A discussão do momento não é tanto sobre a produção, que já se mostra aquecida, principalmente nos últimos quatro meses. O foco agora é a sustentação desse ritmo de atividade, que depende de novos investimentos”, afirma Isabella Nunes Pereira, gerente da pesquisa mensal do IBGE.

Segundo a economista, o efeito multiplicador das exportações brasileiras e da agroindústria já começa a aparecer no consumo interno. “Observamos um ciclo de crescimento nas vendas a crédito, principalmente dos bens de consumo duráveis como automóveis, eletrodomésticos e telefones celulares”, diz. Em sua avaliação, se o nível de investimentos e a expansão do mercado doméstico acompanharem o ritmo de crescimento apresentado pela indústria, o impacto sobre o PIB do segundo semestre será bastante favorável.

Junho – A variação observada entre maio e junho resulta da expansão em 13 dos 23 ramos industriais que têm séries ajustadas sazonalmente. Os destaques ficaram com as indústrias têxtil (4,7%), de máquinas e equipamentos (2,3%), perfumaria (7,6%) e veículos automotores (1,3%). Entre as indústrias em queda, as principais pressões negativas vieram da metalurgia básica (-1,3%), alimentos (- 0,8%), bebidas (- 6,8%), celulose e papel (-1,4%) e refino de petróleo e produção de álcool (-0,4%).

“O quadro geral da produção industrial é positivo, mostrando que o setor se recupera. Atribuímos o resultado principalmente às exportações e à recuperação do mercado interno de bens duráveis, apoiado no crédito. Mais recentemente, há uma reação discreta também na área de bens de consumo não duráveis, que são os alimentos, vestuário e calçados, mostrando que a renda do trabalhador começa a dar sinais de melhora”, comemora Sílvio Salles, responsável pelo setor de indústria do IBGE.

Tsuli Narimatsu