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Salário leva Lula ao mais baixo índice de popularidade

Guarulhos, 30 de junho de 2004

Mais uma pesquisa confirma que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo continua caindo. Em junho, o índice de rejeição do presidente chegou a 43%, contra 36% apurados em março. Há um ano e três meses, a rejeição era de apenas 16%. O índice de confiança no presidente, por sua vez, caiu de 60% em março para 54% em junho. Em março do ano passado, Lula tinha a confiança de 80% dos brasileiros. O nível de aprovação do governo como um todo também caiu: de 54% em junho para 51% em março. O de desaprovação cresceu: de 39% para 42%.

Os dados foram apurados por pesquisa feita pelo Ibope, entre os dias 17 e 21 deste mês, para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa mostra que, além dos níveis de confiança e de aprovação, a avaliação do governo está piorando. Para 29% dos entrevistados, o governo Lula foi avaliado como sendo bom ou ótimo. Em março, 34% achavam isso.

Na opinião de 26% dos entrevistados, o governo é ruim ou péssimo. Em março, 23% tinham essa opinião. O percentual daqueles que acham o governo “regular” aumentou de 41% para 42%. Apesar do desempenho negativo, a pesquisa do Ibope mostra que a velocidade de queda da popularidade diminuiu em junho.

Na avaliação dos pesquisadores, a fixação do salário mínimo influenciou negativamente as avaliações do presidente e do governo. “Ao completar um ano e meio no comando do país, o governo do presidente Lula apresenta uma curva descendente de popularidade. Essa queda, iniciada a partir do episódio Waldomiro Diniz, teve influência do debate acerca do salário mínimo”, diz o texto divulgado ontem pela CNI.

No chamado “recall” de notícias sobre o governo Lula, ou seja, a menção espontânea dos entrevistados sobre temas do noticiário, o salário mínimo foi o assunto mais citado (por 23% dos entrevistados). “O salário mínimo não explica sozinho o desempenho negativo do governo. O índice de desaprovação em áreas específicas também aumentou”, comentou o diretor de Desenvolvimento da CNI, Marco Antônio Guarita.

De fato, ao fazerem uma avaliação de seis áreas de atuação do governo (combate à fome, programas sociais, combate à inflação, segurança pública, taxa de juros e combate ao desemprego), os pesquisadores constataram que o desempenho do governo piorou em todas elas nos últimos três meses. Com exceção do combate à fome, área que o governo promove com elevados gastos em publicidade, e dos programas sociais, a avaliação negativa supera a positiva em todos os casos.

Na opinião da população, o melhor desempenho do governo está na área de combate à fome e à pobreza. Ainda assim, essa percepção está mudando. Há um ano, 50% dos entrevistados acreditavam nisso. Hoje, apenas 34% o fazem. Para os entrevistados, o pior resultado do governo Lula está nas ações para reduzir o desemprego (41% acham isso), combater a violência (29%) e promover a saúde (21%).

Na pesquisa anterior para a CNI, o Ibope constatou uma forte queda da popularidade do governo no Sudeste e nas periferias das cidades. A nova enquete mostrou que, dessa vez, a popularidade caiu pouco nessas áreas, mas recuou de forma expressiva nas regiões Sul e Nordeste. No Sul, 26% acham que o governo Lula é ruim ou péssimo – na pesquisa anterior, 19% tinham essa opinião.

No Nordeste, a piora da percepção foi ainda maior. Em março, 42% consideravam o governo bom ou ótimo. Agora, 32% mantêm essa opinião. O nível dos que julgam a gestão Lula ruim ou péssima pulou de 18% para 29%.

Cristiano Romero