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Novos impulsos ao Movimento Degrau

Guarulhos, 31 de outubro de 2003

Empresas e entidades se unem em novas campanhas e investimentos em programas para empregar milhares de jovens aprendizes em todo o País

Até o final deste ano um convênio firmado entre a Fundação Roberto Marinho e a Petrobrás, que entrará com R$ 2 milhões, vai mostrar a todo Brasil a importância social de empregar jovens aprendizes, conforme autoriza a Lei 10.097. A lei é a base do Programa Convivência e Aprendizado no Trabalho, do Movimento Degrau, apoiado pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O empresário Rogério Amato, coordenador do Degrau e presidente da Rede Brasileira de Entidades Assistenciais e Filantrópicas (Rebraf), fez o anúncio nesta quinta-feira, 30, em Marília, interior paulista, durante o 4º Congresso da Facesp e 32º Seminário dos SCPCs. Ele apresentou o lema que fará parte da campanha nacional, criada gratuitamente pela Públicis: “É um crime não participar”.

Durante um ano e meio de existência formal do programa, que pretende empregar 120 mil jovens aprendizes entre 14 e 18 anos no estado de São Paulo, o presidente da Facesp e ACSP, Guilherme Afif Domingos, tem repetido que “é preciso tirar os jovens da escola do crime para a escola do trabalho”. Ele reiterou que a rede de empreendedores formada pelas 409 associações comerciais da Facesp tem também sua responsabilidade social no Degrau.

Esclarecimento

Afif também destacou a relevância da campanha: “a partir daí, as pessoas vão entender o significado da Lei 10.097 e que o Degrau é apenas um agente facilitador”. O importante, destacou, é que a missão está posta para a sociedade. “Nunca dissemos que o caminho seria fácil, mas é enfrentando os problemas que encontraremos a brecha para passar”.

Rogério Amato fez um balanço positivo do Programa Convivência, com dados apurados até o início desta semana: 70 conselhos formados com 1.022 voluntários envolvidos e outros 54 em formação. “No início do Programa, eram 8 entidades certificadoras, hoje são 75”, comemorou. Dos 70 conselhos, 34 são coordenados por associações comerciais e outros 36 por várias entidades, entre elas o Lions e o Rotary. “E neste um ano e meio já são 16.936 jovens aprendizes empregados”, relatou Amato.

A campanha terá três etapas: esclarecer o papel e funcionamento da Lei 10.097, explicar como se faz a certificação e mostrar os caminhos para que uma entidade possa ser certificadora. Além disso, 100 kits (uma espécie de manual) ?serão distribuídos para entidades e empresas como um fator de multiplicação.

Há ainda outras duas boas notícias para os empreendedores sociais apresentadas por Rogério Amato, em Marília. A primeira é que o Senai está se engajando na luta do Degrau criando cursos para ensinar a aplicação da Lei 10.097. A outra é que o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) passa a ser também uma entidade certificadora.

Emoção

O promotor-chefe do Ministério Público do Trabalho Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, um dos pais do Movimento Degrau e inspirador da Lei 10.097, fez um depoimento emocionado, já que é deficiente visual desde o terceiro ano da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, elogiando cada avanço do Programa Convivência: “Cuidar dos jovens não é mais apenas responsabilidade do estado paizão, mas também da família e da sociedade”, afirmou.

Tadeu qualificou o Degrau de “fantástico” e de um importante instrumento da sociedade pela cidadania e na luta contra o 4º setor (o crime organizado). Para ele, a sociedade precisa entender que os “filhos do Brasil são todos os nossos filhos”, e que o Degrau é uma forma da sociedade trabalhar em conjunto.

Ao final de sua palestra, ele ainda fez um alerta para quem ainda evita participar dos programas de inclusão social: “A bola está em jogo e eles (do crime organizado) estão ganhando de um a zero, mas acredito que podemos virar esse jogo.”

Sergio Leopoldo Rodrigues, de Marília