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Governo anuncia medidas de incentivo ao consumo

Guarulhos, 17 de setembro de 2003

O governo anuncia nesta quarta-feira, 17, medidas de incentivo ao crédito, na tentativa de forçar uma aceleração da queda dos juros e injetar novo ânimo à economia. O presidente Lula assina uma Medida Provisória sugerida por Luiz Marinho, presidente nacional da Central Única do Trabalhadores (CUT), que permite aos bancos descontar diretamente na folha de pagamento das empresas os empréstimos contratados pelos seus funcionários.

O ministro da Fazendo, Antonio Palocci, e ministro do Trabalho, Jaques Wagner, anunciam também novas linhas de crédito para compra de eletrodomésticos, como fogões e geladeiras e televisores, que serão concedidas pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O recursos, estimados em R$ 200 milhões, segundo fontes do setor, devem vir do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

A possibilidade de descontar os empréstimos diretamente na folha de pagamento reduz o risco dos bancos na concessão de crédito e, por tabela, deveria diminuir os juros cobrados pelas instituições financeiras. A medida vem sendo negociada pelo ministério da Fazenda com a centrais sindicais e a Federação Brasileira de bancos (Febraban). Segundo uma fonte, a expectativa é que, com essa garantia, os juros cobrados caiam para menos de 2% ao mês.

Os empréstimos para compra de eletrodomésticos, que serão oferecidos pelo BB com recursos do FAT, devem custar 2,95% ao mês. A taxa é bem inferior à cobrada pelo mercado. Atualmente, as financeiras e as varejistas cobram entre 4% a 7% nas linhas de crédito direto ao consumidor (CDC).

O BB já passou a incluir recentemente produtos de linha branca e marrom em uma linha de crédito do banco destinada originalmente à aquisição de equipamentos de informática e celulares. A linha, que passou a se chamar BB Crédito EletroEletrônicos, pode ser tomada para compra de fogões a DVDs. A taxa cobrada pelo banco é de 3,10% ao mês, ou 44,25% ao ano.

A nova linha para compra de eletrodomésticos, com recursos do FAT, deve irrigar o mercado, aumentando a oferta de crédito para os consumidores e reaquecendo a demanda por bens duráveis. As vendas de produtos de linha branca caíram 17,7% no primeiro semestre em relação aos seis primeiros meses de 2002, segundo dados da Associação Nacional do Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Na linha de imagem e som, a queda foi de 12,88% e na de portáteis, de 9,84%.

– Há três anos, o setor está estagnado e vem sendo penalizado pelas crises. Qualquer ajuda do governo para estimular as vendas é bem-vinda – afirma Paulo Saab, presidente da Eletros.

Ele não quis se pronunciar sobre os efeitos das medidas até a publicação dos termos dos empréstimos. Em 2001, o racionamento de energia provocou uma forte queda na procura por aparelhos elétricos. Em 2002, as indústrias foram afetadas pela explosão do dólar, uma vez que uma grande parte dos componentes é importada.

O incentivo à concessão de crédito, somado às novas reduções da taxa Selic e do recolhimento compulsórios dos bancos, abrem perspectivas mais otimistas para o Natal. O varejo já começou a reduzir os juros desde o primeiro corte da Selic e vem detectando uma maior recuperação de prestações atrasadas. Com o nome “limpo” , mais consumidores poderão contrair novos empréstimos no fim do ano.