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Mercado prevê inflação mais baixa para este ano

Guarulhos, 14 de julho de 2003

O mercado reduziu pela sexta semana consecutiva sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2003, aproximando-a da previsão do Banco Central.

Uma pesquisa do BC mostrou que a mediana das projeções de cerca de 100 instituições financeiras para o IPCA deste ano passou de 11,02% na semana anterior para 10,81%.

O prognóstico continua acima da meta do governo para este ano, de 8,5%, mas aproxima-se da expectativa do BC de 10,2%, revisada para baixo recentemente. Anteriormente, o BC esperava uma taxa de 10,8%.

“O relatório (do BC) é mais um passo no sentido de mostrar que o controle da inflação foi bem-sucedido e que a política está apertada o suficiente para trazer a demanda agregada para baixo e trazer os preços para baixo”, afirmou Marcelo Salomon, economista-chefe do ING.

A expectativa do mercado para a inflação é um dos pontos que o BC leva em conta quando se reúne para decidir sobre a taxa de juros.

O Comitê de Política Monetária (Copom) encontra-se na próxima semana, após cortar a taxa de juros em 0,50 ponto percentual para 26% em junho.

Muitos analistas acreditam que haverá nova redução, depois de uma série de índices, incluindo o IPCA de junho, mostrar deflação.

“As informações que a gente vem vendo nos índices das últimas semanas são bastante construtivas… Espero (um corte de) 1,5 ponto percentual em julho”, acrescentou Salomon.

A deflação de 0,15% em junho levou o mercado a esperar uma taxa menor em julho. As estimativas para o IPCA deste mês caíram pela sétima semana consecutiva, de 1,01% para 0,90%.

Os prognósticos para o IPCA de 2004 voltaram a cair, apontando uma leve queda de 7,0% para 6,98%. A meta para o próximo ano é 5,5% e o BC projeta uma inflação de 4,2%.

Por outro lado, as estimativas para a inflação acumulada nos próximos 12 meses teve alta, passando de 6,75% para 7,16%.

O mercado também revisou para cima, embora levemente, seu prognóstico para a inflação de agosto, de 0,64% para 0,65%.

As previsões para julho e agosto ainda não levam em conta a decisão de sexta-feira do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que o aumento das tarifas de telefonia fixa será feito pelo IPCA acumulado em 12 meses.

Previsões para dólar e PIB não mudam

Após algumas semanas de queda, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano ficou estável em 1,7%. Para 2004, o mercado continua prevendo uma expansão de 3%.

A previsão para 2003 está em linha com a do BC – de uma faixa de 1,5% a 1,8% -, mas, apesar das altas taxas de juros, continua acima do PIB do ano passado, que foi de 1,5 por cento.

A expectativa para o dólar no final deste ano também manteve-se estável, em 3,20 reais, depois de cair na semana anterior.

Outros indicadores

A previsão do mercado para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) pela primeira vez no ano fica abaixo de 10%, chegando a 9,35% no final de 2003. Esse índice reflete 60% as variações do real frente ao dólar.

Para 2004, a expectativa é que o percentual inflacionário medido por esse índice fique em 7,47%, ante 7,50% da projeção anterior. O Índice de Preços ao Consumidor medido pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe) também acentua a queda abaixo de dois dígitos e, nesta semana, aparece com projeção de 9,63% para o final deste ano, ante 9,92% da semana passada. No próximo ano, a estimativa é de um percentual de 6,49%, abaixo dos 7% que vinham sendo previstos.

O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) segue a mesma tendência do IPCA, ficando em 10,39% na perspectiva desta semana (ante 10,80% na pesquisa passada). Em 2004, cai de 7,50% para 7,30%.