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Brasil está na mira de investimento dos fundos de pensão dos EUA

Guarulhos, 30 de maio de 2003

O Brasil está na mira dos fundos de pensão norte-americanos, que têm uma capacidade de investimento de US$ 5 trilhões em mercados emergentes.

O diretor da AFL-CIO (Federação Americana do Trabalho), Stanley Gacek, se reuniu nesta sexta-feira, 30, com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para discutir os critérios utilizados pelos fundos norte-americanos para investir em outros países. A AFL-CIO é a principal central sindical norte-americana, e Gacek é amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Temos falado sobre critérios de investimentos de obrigações fiduciárias. Alguns fundos estão desenvolvendo critérios para investimento em mercados emergentes”, disse Gacek, após o encontro com Palocci.

Segundo ele, entre os critérios utilizados pelos fundos de pensão dos EUA está a estabilidade social. “Democracia estável, transparência e economia com crescimento sustentável são considerações importantes para fazer cálculo do retorno máximo com risco mínimo.”

Na avaliação de Gacek, o governo Lula atende a vários desses critérios usados na hora de avaliar o potencial que cada país emergente oferece para os investimentos dos fundos norte-americanos. “Achamos que essa gestão do governo brasileiro tem se dedicado a essas questões da estabilidade social no Brasil. Isso poderia ser bem promissor em termos dos critérios de obrigações fiduciárias dos fundos.”

O superintendente da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar), Devanir Silva, disse que alguns fundos norte-americanos, administrados por trabalhadores, já investem no Brasil. Esse é o caso do Calpers, o fundo de pensão dos professores da Califórnia, que está presente em cerca de 60 empresas brasileiras. O Calpers teria um patrimônio de US$ 140 bilhões e investe US$ 8 bilhões em outros mercados.

“O que está ocorrendo é uma mudança no perfil do investimento desses fundos. Em vez de investir em empresas, as entidades estariam dispostas a investir em obras de infra-estrutura”, afirmou Silva.

Segundo ele, a queda do risco Brasil e a ligação pessoal entre Gacek e Lula ajudariam na atração de investimentos dos fundos norte-americanos no país. “O governo Lula conseguiu conquistar a credibilidade dos investidores, inclusive os estrangeiros.”

Apesar da proximidade entre os dois países, Gacek afirmou que as conversas com o governo brasileiro ainda não foram concluídas.

“Já falamos anteriormente (com Palocci) sobre toda essa questão dos fundos investirem nos mercados internacionais e queremos seguir com essas conversas. Estou pensando na possibilidade de fazer mais visitas ao Brasil”, disse Gacek.

Fabiana Futema