Notícias

Produção de aço poderá crescer 5,2%

Guarulhos, 08 de maio de 2003

A indústria siderúrgica alcançou um recorde histórico e produziu 10,075 milhões de toneladas de aço nos primeiros quatro meses do ano. Em um sinal de que a melhoria dos indicadores econômicos começa a chegar à atividade das empresas, o setor revisou para cima as estimativas de crescimento para 2003. De uma expansão inferior a 4%, o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) anunciou que as projeções agora indicam aumento de 5,2% na produção.

Os novos números vieram acompanhados de um alerta. Segundo o presidente do IBS, José Armando de Figueiredo Campos, a retomada do crescimento levará as siderúrgicas a “sacrificar” exportações para atender os clientes no país. A utilização da capacidade instalada atingiu 92% e os investimentos demoram para maturar. Campos deixou claro que “a prioridade é o atendimento do mercado interno”. O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Fortes, também demonstrou preocupação com os possíveis impactos para a balança comercial. Segundo ele, a demanda por produtos siderúrgicos aumenta 900 mil toneladas anuais com o atual ritmo de atividade econômica.

Fortes afirmou que, se a economia entrar em uma rota de crescimento sustentado, com taxas em torno de 4%, os consumidores de aço vão exigir 1,5 milhão de toneladas a mais por ano. Se a demanda não for atendida pelas siderúrgicas nacionais, ele advertiu que a expansão das importações terá um reflexo negativo de US$ 400 milhões a US$ 600 milhões para a balança comercial.

O presidente do IBS ponderou que o alerta é mais para o “médio prazo”. Neste ano, ainda é possível conciliar aumento das exportações e das vendas internas. A estimativa do instituto é que os embarques para o exterior cheguem a US$ 3,2 bilhões em 2003, com crescimento de 13% em volume e de 10,3% em divisas. As importações de aço devem ficar estagnadas em US$ 500 milhões.

No congresso do IBS, Campos traçou um cenário de recuperação da economia no segundo semestre e defendeu uma sinalização de queda dos juros. Para ele, a próxima reunião do Copom deveria reduzir pelo menos em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, para dar um indicativo de reativação da atividade industrial. “Se o juro não cai, o processo de retomada não vem”, disse Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo Gerdau.

Apesar de apostar em uma alta do dólar nos próximos meses, com a cotação da moeda americana fechando o ano em R$ 3,50, a indústria siderúrgica voltou a defender que o governo não intervenha no mercado de câmbio. “O câmbio bom para o país é aquele que reflete a nossa competitividade”, afirmou Campos.

Ele anunciou que as siderúrgicas pretendem investir US$ 4 bilhões em quatro anos, valor que pode subir para até US$ 6 bilhões, dependendo do desfecho das reformas, do acesso ao crédito e da redução da taxa de juros. “Nós temos bala na agulha”, brincou. Dependendo das condições, “estamos prontos a disparar”.

Daniel Rittner