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Estréia: O Chamado

Guarulhos, 31 de janeiro de 2003

arteO filme explora uma lenda urbana, dessas que vira e mexe aterrorizam o imaginário coletivo. Tudo começa com a misteriosa morte de Katie (Amber Tamblyn), sobrinha da jornalista Rachel (Naomi Watts, de Cidade dos Sonhos). Ao que parece, ela teria morrido sete dias após assistir a uma misteriosa fita de vídeo. O pior é que três outros amigos da jovem, que supostamente assistiram à fita, tiveram o mesmo destino. A cética Rachel, então, resolve investigar que raios de fita é essa.

Rachel encontra a tal da fita e a assiste. Imagens surreais e desconexas tomam conta da televisão, dando pistas de quem poderia ter produzido o filme e porque as pessoas morrem misteriosamente sete dias depois. Com a ajuda de seu amigo Noah (Martin Henderson), a jornalista analisa quadro a quadro a fita e, à medida que as investigações avançam, ela fica cada vez mais perto da verdade. São sete dias que Katie tem, teoricamente, para descobrir o que há por trás dessa lenda. Mas as coisas se complicam quando seu filho, Aidan (David Dorfman), também vê a fita. É mais uma vida que está em jogo. Pior: a de seu filho. Se, no começo do filme, Rachel é uma cética repórter, ao longo da trama suas crenças – ou a falta delas – caem por terra, uma vez que a lenda parece ser provada a cada novo fato descoberto. O medo da personagem aumenta, assim como o do espectador.

O Chamado é baseado no livro Ringu, de Kôji Suzuki – considerado o Stephen King do Japão. Em 1998, ganhou as telas em uma fita gótica, homônima, dirigida por Hideo Nakata, que logo virou cult, dando início a uma espécie de franquia de filmes de terror no país. A idéia de fazer uma versão americana de Ringu veio de Mark Sourian, executivo da DreamWorks.

O clima de suspense criado pelo diretor Gore Verbinski (Um Ratinho Encrenqueiro, A Mexicana) lembra muito o estilo de M. Night Shyamalan, especialmente em O Sexto Sentido. A presença de um garotinho assustador que sabe demais, enxerga demais e ouve demais; uma câmera que insinua situações para criar um clima de suspense; o drama pessoal dos protagonistas para que haja identificação e, portanto, envolvimento com a trama. Tudo isso aproxima o estilo dos dois diretores e resulta em um suspense capaz de deixar com medo qualquer marmanjão. O medo, aqui, é sugerido. O espectador ganha o lugar da protagonista e, como ela, descobre um novo e aterrorizante fato a cada momento. Não há a violência explícita de algumas fitas de terror, mas sim as insinuações do perigo.

Depois do filme, te desafio a colocar uma fita no videocassete sem pensar que, em sete dias, você pode morrer. Esse é o fascínio das lendas urbanas e, neste caso, dos filmes de suspense: a dúvida de a história ser verdade ou não; a possibilidade da existência de uma força sobrenatural dentro de um objeto tão banal, como uma fita de vídeo.

Angela Bito