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Setor têxtil prevê maior superávit

Guarulhos, 24 de janeiro de 2003

Ao dar a largada, na próxima segunda-feira (27), para uma nova série de desfiles de grifes brasileiras, a São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do país, completará mais uma volta da engrenagem que move a cadeia têxtil brasileira. Esse movimento, que começa na produção da fibra têxtil e passa pela fabricação e beneficiamento do tecido, culmina com o lançamento de uma coleção de roupas que, em seguida, irá para o varejo.

Essa roda viva é a síntese de um setor que hoje, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), responde por cerca de 13,5% no PIB industrial, quase 13,6% dos empregos gerados na indústria de transformação (1,5 milhão de pessoas) e fatura em torno de US$ 22 bilhões, por ano.

Atualmente, fazem parte do setor têxtil brasileiro mais de 30 mil empresas, entre fiações, tecelagens, malharias, tinturarias, estamparias e confecções. A São Paulo Fashion Week é a veia pulsante da cadeia, o momento de tornar público o fruto do trabalho de todo o segmento.

Os números que envolvem a São Paulo Fashion Week dão a medida do quanto a indústria da moda pode gerar, não apenas para o setor, mas para outras áreas, que se beneficiam do marketing criado em torno dela.

Serão 40 desfiles, um público estimado em 70 mil pessoas e um investimento de R$ 4 milhões. Desse total, 70% foi custeado por empresas que não são do setor têxtil nem de moda. “O desfile é a ação de marketing que mais dá retorno de mídia no mundo', arrisca Paulo Borges, diretor geral e fundador do evento.

Segundo Borges, a existência de um calendário único para os lançamentos de coleções facilita a organização do setor e possibilitou o fortalecimento da moda como cultura, comportamento e informação. Antes, cada empresa do setor decidia a data mais conveniente para lançar seus produtos e, muitas vezes, essas datas não coincidiam o que atrasava a chegada das roupas nas lojas. Com a criação de uma semana única de lançamentos, compradores, confeccionistas, estilistas, empresários do ramo têxtil e fabricantes de fios puderam sincronizar seu timing.

Apesar dos avanços feitos nos últimos anos e de atingir produção total anual de 1,7 milhão de toneladas de fios e filamentos, o país ainda amarga participação mínima no comércio exterior de artigos têxteis: ocupa a 35ª posição entre os países exportadores, com US$ 1,2 bilhão, em 2000, segundo estatísticas da Organização Mundial do Comércio (OMC).