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Pesquisa analisa desempenho de empresas emergentes

Guarulhos, 23 de dezembro de 2002

Nem sempre crescer é bom para a empresa. Casos de saltos no faturamento, que aparentemente mostram vigor e arrojo, muitas vezes desembocam em falência. Alguns executivos estão dispostos a abrir mão dos controles, com sacrifício da rentabilidade, para fazer volume, imaginado que os estragos nas contas do balanço abaixo da receita possam ser remediados mais adiante. Esse tipo de administração temerária não parece ser o caso das companhias que aparecem na pesquisa feita pela auditoria e consultoria Deloitte Touche Tohmatsu com as 100 pequenas e médias que mais cresceram em 2001.

Apesar de taxas de evolução da receita operacional líquida que vão de 44% a mais de 800%, essas empresas mantiveram, na média, seus indicadores financeiros sob controle, comparadas às outras companhias que participaram do levantamento.

“O que esses resultados parecem nos dizer é que crescer é bom para a saúde financeira da empresa”, afirma José Paulo Rocha, sócio da Deloitte Touche Tohmatsu responsável pelo “check-up” das demonstrações contábeis das 228 empresas que participaram da pesquisa. “O desempenho das 100 maiores, medido pela rentabilidade do patrimônio líquido, é superior ao das demais.” Para ele, isso mostra que não estamos diante de um crescimento a qualquer preço, às custas do desempenho, mas sim sob rígida supervisão dos administradores.

O retorno sobre o patrimônio, que é a medida do lucro líquido sobre o patrimônio líquido, foi de 17% entre as que mais cresceram, enquanto as outras 128 registraram um índice de 11%.

A pesquisa feita pela Deloitte e publicada pelo terceiro ano pelo Valor tem como objetivo identificar no segmento de pequenas e médias empresas as que apresentaram crescimento expressivo nos últimos anos, assim como as que foram destaque em processos de gestão.

O universo da pesquisa é formado por empresas que operam no Brasil e que no ano de 2001 tiveram faturamento entre entre R$ 30 milhões e R$ 350 milhões. Cerca de 12 mil empresas foram convidadas a participar do estudo por meio de marketing direto. Das 362 empresas que responderam ao questionário enviado, 228 se enquadravam nos critérios de faturamento e enviaram, além do questionário respondido, suas demonstrações contábeis dos últimos três anos.

Nesses números, a maior parte com a chancela de um auditor independente, podem ser encontrados alguns dos pré-requisitos que explicam o melhor desempenho das que mais cresceram em 2001. Elas têm, por exemplo, um perfil de endividamento mais adequado, com uma taxa de endividamento bancário de 9%, comparada a 13% nas demais. “É um indicador de que há uma gestão mais apurada do capital de giro”, diz Rocha. “Elas financiaram o crescimento com recursos que não oneraram a rentabilidade.”