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Copom aumenta taxa de juros para 22% ao ano

Guarulhos, 21 de novembro de 2002

arteO Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar a Selic para 22% ao ano, sem viés. O mercado já apostava em alta de até um ponto percentual na taxa básica de juros. Em reunião extraordinária em outubro, o Copom aumentou a Selic de 18% para 21% ao ano. Na reunião ordinária no fim do mês passado a taxa ficou inalterada.

“O aumento da expectativa de inflação para 2003 levou o Copom a aumentar a taxa Selic para 22% ao ano”, disse o comunicado do Banco Central divulgado nesta quarta-feira. A próxima reunião ordinária do Copom está marcada para os dias17 e 18 de dezembro. Como a nova taxa não tem viés, para alterar a Selic antes dessa data é preciso outra reunião extraordinária.

O economista Miguel de Oliveira, presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Contabilidade e Administração (Anefac), acredita que o aumento do juro básico da economia deve ser repassado para o crédito ao consumidor final. Porém, na avaliação dele, o repasse não será generalizado, pois o juro ao consumidor está bastante alto e tem gordura para ser queimada.

– Normalmente, quando há um aumento no juro básico, as instituições repassam para o consumidor. Mas como as taxas estão muito altas e têm gordura, muitos bancos e instituições de crédito vão manter o juro atual para não desaquecer ainda mais as vendas – afirmou.

Segundo pesquisa da Anefac divulgada na última segunda-feira, as taxas de juros ao consumidor passaram de 8,18% ao mês em setembro para 8,22% em outubro – uma alta de 0,49%. Na média, os agentes financeiros não repassaram integralmente ao consumidor o aumento da Selic de 18% para 21%. Segundo Oliveira, se o repasse tivesse sido integral o juro médio mensal ao consumidor ficaria em 8,39%.

Oliveira defendia que a Selic não fosse aumentada. Para ele, a inflação atual é de custos, provocada pela alta do dólar, e não por excesso de demanda, o que tornaria sem efeito sobre os índices de preço qualquer alta na taxa Selic.

Isabel Sobral e Cleide Carvalho