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ONG busca incluir deficiente no mercado

Guarulhos, 18 de setembro de 2002

O Brasil possui 24,5 milhões de pessoas portadoras de deficiência. Isto é, 14,5% da população do País possui algum tipo de deficiência, segundo dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inclusão no mercado de trabalho e de consumo desse contigente populacional é uma questão de cidadania, defende a coordenadora editorial do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Carmem Weingrill.

Diante da seriedade do problema, ela disse que o Instituto Ethos elaborou um guia que mostra o perfil dos consumidores e dá dicas para as empresas direcionarem suas práticas, considerando a importância da inclusão das pessoas portadoras de deficiência. Dos 24,5 milhões de deficientes, 48,1% são visuais, 22,9% são portadores de deficiência motora, 16,7% auditivos, 8,9% mental e 4,1% física. As empresas, as vezes, não atendem esse público. Isso acontece mais naquelas que não têm portadores de deficiência em seu quadro funcional, argumentou.

Na visão de Carmem Weingrill, o grande desafio é delinear novas formas de relacionamento e garantir o convívio com os portadores de deficiência. As empresas precisam ver os benefícios, pois ganha com a inclusão, salientou, esclarecendo que, geralmente, a pessoa portadora de deficiência supera as expectativas da empresa, desde que sejam definidas as suas funções e a empresa acaba tendo um desempenho melhor.

Ela apresentou os dados do perfil dos consumidores, elaborados pelo Instituto Ethos. Em 2000, 46% dos consumidores brasileiros declararam que a contratação de pessoas portadoras de deficiência está em primeiro lugar entre as atitudes que estimulam a compra de produtos de determinada empresa. Em 2001, esse percentual caiu para 43%, mas já representa uma tendência dos consumidores.

Carmem enumera passos fundamentais na política de inclusão: a inclusão tem que ser uma decisão da empresa. O dirigente tem que ter este compromisso ético; em segundo lugar, defende, não basta contratar, tem que remover as barreiras para o deficiente desempenhar a sua função. Finalmente, a empresa não deve só empregar, mas disponibilizar treinamentos para que o deficiente tenha ascensão profissional.