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Pequenos e Médios Exportadores merecem prioridade

Guarulhos, 18 de julho de 2002

Numa época em que se faz necessário trocarmos os papéis de expectadores a participantes do processo de globalização, gostaria, nesse artigo, de levantar a bandeira das milhares de pequenas e médias empresas brasileiras (PME?s) quanto à necessidade de uma política específica de comércio internacional. Não desmereço os demais portes e a importância das grandes empresas, mas entendo que a base de nossa economia concentra-se nas PME?s que, por sua vez, empregam milhões de brasileiros. Foram discutidas muitas idéias e sugestões, tais como: mais preparo e capacitação em negociação de nosso corpo diplomático; reforma tributária; programas de substituições das importações, busca de mais acordos de cooperação com outros países, entre outros.Mas tudo isso ainda não é suficiente. Há necessidade de se integrarem todas as áreas e setores do executivo, legislativo e judiciário, em instâncias municipais, estaduais e federais relacionados à política de comércio internacional e condicioná-las aos interesses da comunidade empresarial das PME?s.

A dinamicidade do comércio exterior é constante e nos remete a uma busca incessante de ajustes. Vivemos uma nova realidade econômica onde, a cada vez mais se valoriza o conhecimento, a qualidade e o valor agregado de cada produto ou serviço.Precisamos que nossas empresas entrem e participem desse novo ambiente sempre condiderando que hoje os ativos em novas tecnologias crescem a taxas astronômicas, enquanto ativos oriundos de “commodities” caem vertiginosamente. Vou citar alguns dados recentes publicados nos jornais. Em 2000 a participação dos Estados Unidos em produtos de alta tecnologia chegou a 65%; o Nasdaq, índice que mede a performance das empresas de alta tecnologia, hoje, é tão importante como o “Dow Jones” nas bolsas de valores internacionais. A indústria de direitos autorais faturou U$ 450 bilhões em 1999, mais que o nosso PIB. A Internet deve crescer de 1.17 bilhão em 2000 para 1,17 bilhão em 2005. A Globalização exige posicionamento competitivo nos mercados almejados. Vemos marcas internacionais nas prateleiras e gôndolas de nossos mercados. Quando viajamos a outros países, mesmo que sejam nossos vizinhos, a marca brasileira não é notada ou quando o é aparece de forma muito discreta ainda.Iniciativas vem sendo tomadas, a exemplo do pólo aeroespacial de São José dos Campos.O mercado brasileiro de software está em torno de U$ 5 bilhões, sendo que apenas 7% é exportado, percentual muito baixo, se observarmos o potencial mundial num mercado carente de novas tecnologias.

Na agricultura, as “commodities” vêm sofrendo quedas, em detrimento ao aumento da produção mundial de alimentos. Se o Brasil quer realmente capitalizar em cima de sua vocação agroindustrial deve buscar competitividade através de novos mercados e lutar contra as barreiras impostas principalmente pelos países de primeiro mundo.

Mas, definitivamente, para sairmos da posição tímida de nossas exportações, será imprescindível a criação de estratégia consistente de agressividade comercial, visando os principais blocos econômicos e países com potencial de consumo para nossos produtos, integrada com as ações de setores e entidades do governo e empresarial brasileiros, facilitando para as PME?s que exportem mais e cada vez melhor seus produtos.

Estrutura já possuimos, mas será que temos consciência de precisamos nos mobilizar, fazer acontecer, exigir um papel mais atuante de todos? Pensem nisso.

*José Roberto Vitorelli é Consultor em Logística e Comércio Internacionais, Diretor da ACIG e da MC Assessoria no desenvolvimento de novos negócios.

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