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Mudança nos fundos também deu prejuízos para o governo

Guarulhos, 11 de julho de 2002

Depois dos investidores, chegou a vez de o governo contabilizar prejuízos com as mudanças nos fundos de investimento de renda fixa feitas a partir de 31 de maio. O governo calcula que, apenas durante o mês passado, perdeu cerca de R$ 200 milhões em receitas do Imposto de Renda cobrado sobre estes fundos. Com a mudança – antecipada repentinamente de 30 de setembro para 31 de maio -, os fundos têm de atualizar diariamente suas cotas de acordo com o valor no mercado dos papéis de suas carteiras. E esse valor de mercado vinha caindo durante o ano. Quando chegou a hora da mudança, o ajuste no valor foi para baixo.

Os números finais do governo ainda estão sendo fechados, mas a queda na arrecadação do IR será bem maior do que se esperava. A arrecadação mensal média sobre os fundos era de R$ 480 milhões até maio, e a expectativa é de que tenha fechado o mês de junho em cerca de R$ 300 milhões.

Logo depois de anunciada a antecipação da marcação a mercado dos fundos pelo Banco Central, técnicos da Receita estimavam perdas de cerca de R$ 10 milhões durante o mês de junho. Essa conta considerava a redução de cerca de R$ 2 bilhões no patrimônio dos fundos observada nos primeiros dias do mês.

Até o dia 5 de julho, no entanto, os aplicadores sacaram R$ 19 bilhões dos fundos de renda fixa e dos Fundos de Investimento Financeiro (FIFs) DI, segundo dados da Associação Nacional de Bancos de Investimentos (Anbid).

As retiradas dos fundos, que ainda não pararam, provocaram uma corrida para as cadernetas de poupança, isentas de tributação, que receberam um volume de depósitos recorde no mês passado. Caso este movimento continue, poderá comprometer também a arrecadação nos próximos meses.

Os investidores que têm dinheiro em fundos de renda fixa pagam uma alíquota de 20% de IR sobre os rendimentos obtidos. Segundo a Receita, ainda não dá para saber exatamente o volume de imposto que será arrecadado a menos. Isso porque os fundos só recolhem o imposto no dia 30 de cada mês.

Poupança – As turbulências continuam assustando os poupadores que voltaram a investir na tradicional caderneta. A poupança, em junho, bateu um recorde histórico desde 1991 em captação líquida (diferença entre depósitos e os saques, considerando os rendimentos do fim do mês). Foram R$ 6,09 bilhões em apenas um mês.

Nos últimos anos, os fundos de investimento em renda fixa ganharam a simpatia dos poupadores pela segurança que ofereciam e a rentabilidade superior à da caderneta. Segundo dados da Receita, a cada turbulência observada no mercado de câmbio, havia uma corrida dos investidores para os fundos de renda fixa.

Isso aconteceu no segundo semestre do ano passado, quando o país estava sob o impacto da crise de energia, das turbulências na Argentina e dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos, que provocaram oscilações no dólar. Atualmente, com as oscilações da moeda americana, as pessoas estão correndo para a caderneta.

Vivian Oswald