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Argentina cria central de compras nas regiões pobres

Guarulhos, 14 de maio de 2002

O governo argentino lança nesta semana uma série de centros de compras para que os consumidores tenham acesso a produtos com preços mais baixos, em uma tentativa de combater um pico inflacionário. A alta dos preços ao consumidor aprofundou a crise social no país, onde a cada mês cerca de 100 mil argentinos engrossam o exército de pobres que já alcançam quase a metade da população.

Centros – “Nesta semana serão lançados os centros de menor custo”, disse o chefe do Gabinete de Ministros, Alfredo Atanasof. Nesses centros, os produtores venderão suas mercadorias diretamente aos consumidores sem intermediários, o que resultará em uma redução do preço final dos bens. “Vão ter preços 30% ou 40% mais baixos que os mínimos dos hipermercados”, disse Atanasof, acrescentando que os centros “vão abrir aproximadamente duas vezes por semana perto dos bairros mais pobres”. Desde janeiro, quando o governo argentino desvalorizou o peso, os preços dos produtos importados e daqueles que possuem insumos estrangeiros dispararam e os aumentos passaram para quase todos os bens. No primeiro quadrimestre, os preços subiram 21,1%.

Eleições – Apesar da pressão que tem experimentado desde que assumiu, em janeiro, o presidente argentino, Eduardo Duhalde, garantiu ontem que não está em seus planos adiantar as eleições, marcadas para setembro de 2003, apesar das pesquisas indicarem que 49% da população repudia sua gestão e quer eleições. “Hoje, se houvesse eleições, o candidato com mais votos teria aproximadamente 15%, e votariam aproximadamente 60% da população”, prevê o presidente argentino. Para ele, neste quadro, “nasceria um governo também de transição, sem (eleger membros do) Parlamento”. Duhalde deve governar até dezembro de 2003, mas em seus quatro meses à frente do Poder Executivo sofreu uma rápida perda de apoio político, e hoje conta com a aceitação de apenas 14% da população, segundo pesquisas.

Protestos – Nos protestos diários em Buenos Aires e em muitas cidades do país, os argentinos pedem a Duhalde “que vá”. E gritam: “Eu não votei em você”. O Congresso está sendo protegido por cercas para impedir que os manifestantes possam aproximar-se dos parlamentares. Duhalde colocou em andamento o Conselho de Administração Execução e Controle dos planos de trabalho para pais e mães de família desempregados. O plano é criar 1,05 milhão de postos de trabalho temporário. Cada pessoa receberá subsídio mensal de 150 pesos. Os primeiros subsídios saem nesta sexta-feira.