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Refém do silêncio – Principal estréia dessa semana!

Guarulhos, 26 de outubro de 2001

ImagemEste é o primeiro filme que chega ao Brasil, dentre aqueles que estrearam depois dos atentados terroristas em território americano no dia 11 de setembro de 2001. Inclusive foi bastante bem de bilheteria, apesar de se passar em Nova York (as Torres Gêmeas destruídas são vistas muito de longe num único plano). Até porque é um filme bastante responsável, em que a violência é justificada, o crime é punido, as coisas se fecham (até um pouco demais). Ou seja, foge um pouco da moda daqueles tempos antigos onde valia tudo. Certamente tem alguns problemas, a história é altamente previsível, dá para descobrir até quem é o traidor, a polícia é extremamente eficiente e responsável (em particular uma detetive abnegada feita por Jennifer Esposito – de “O Verão de Sam”, “Drácula 2000”, o seriado “Spin City”) – e a conclusão amarra quase todos os pontos, sem deixar dúvidas.

Enfim, sem ser uma fita fora do comum, é um thriller bastante competente, mais que razoável. É sobre o Dr. Nathan Conrad (Michael Douglas, com os cabelos escurecidos, o que acentua sua idade), casado com uma bela mulher (a ótima Fakme Jansen) que está com a perna quebrada por causa de acidente de esqui e tem uma adorável filha de 8 anos. Psiquiatra especialista em cuidar de adolescentes, em plena véspera de feriado de Ação de Graças é chamado para atender uma garota, Elisabeth Burrows (Brittany Murphty) que sofre de algum tipo de doença mental.

Antes disso, o filme já tinha estabelecido uma premissa. Houve um assalto dez anos antes, quando uma quadrilha liderada por Patrick (o irlandês Sean Bean, especialista em vilões) roubou um precioso diamante vermelho de um caixa forte de um banco. Só para descobrir que foi traído por um comparsa. Agora ele saiu da prisão e bolou um plano complicado para extrair um número que ele precisa e que só existe escondido na memória da garota doente. Então, seqüestra a filha do médico, para assim obriga-lo a tratar dela e conseguir a informação num prazo mínimo de tempo (lhe dão até as cinco horas da tarde).

É o tipo de história que quanto menos se revelar detalhes melhor, porque são eles que dão sabor especial à história, que tem algumas reviravoltas (e só ao final virá a justificativa de tudo). O livro original ganhou até o prêmio Edgar, de melhor romance de mistério do ano. Na adaptação mudaram algumas coisas (deram uma perna quebrada para a mãe, para justificar sua falta de ação, acrescentaram o personagem da policial para ter uma trama paralela, enfatizaram o ângulo do voyeurismo (o apartamento do médico está todo cheio de câmeras que registram tudo, até o que houve na cama do casal) e ainda por cima também fizeram a trama se passar no maior feriado americano.

De qualquer forma, o trabalho da direção é competente (Gary Fleder já tinha demonstrado talento desde o pouco visto “Coisas para Fazer em Denver Quando Você Está Morto”, de 1995. Ainda fez o sucesso “Beijos que Matam”). Também a jovem Brittany Murphy até agora mais conhecida por fitas mais leves ou menores (como “As Patricinhas De Beverly Hills”, o terror “Medo em Cherry Falls”) sai-se bem no papel difícil de doente mental, que está na medida certa, sem cair em exageros. Ou seja, uma fita adequada para quem curte o gênero.