Varejo se arma contra furtos
Aparelhos de barbear, canetas, protetores solares, DVDs, cremes hidratantes e cigarros estão na lista dos produtos mais furtados em supermercados. São itens de maior valor, tamanho reduzido e facilidade de revenda nos mercados paralelos, os mais visados pelos ladrões. É o que mostra pesquisa do Núcleo de Etiquetagem na Origem (Neo), que visa a reforçar a importância de o produto já sair etiquetado da fábrica, justamente para diminuir as chances de furto. O Neo é formado pelas principais redes varejistas do País, entre elas Pão de Açúcar, Wal-Mart e Lojas Americanas.
“Além de ser a forma mais eficiente de proteção dos produtos na cadeia de abastecimento, o processo de etiquetagem na origem também contribui para o aumento nas vendas, pois acaba com a necessidade de confinamento dos produtos nas lojas. Os clientes manuseiam a mercadoria, e isso aumenta o impulso da compra”, explica o presidente do Neo, Paulo Polesi.
“Se os fabricantes atentarem para a importância de marcar o produto na fábrica, os riscos de furtos em alguns segmentos podem cair a zero.” Quando os produtos são etiquetados na origem, eles estão protegidos contra roubo, desde os centros de distribuição até as prateleiras.
Nesse tipo de marcação, os rótulos de proteção são colocados nas mercadorias durante o processo de produção, embalagem ou distribuição, impedindo que sejam vistos ou retirados por consumidores ou funcionários mal-intencionados. “Os DVDs players, por exemplo, guardam essa marca dentro do aparelho e o cliente nem vê que existe a etiqueta”, diz Polesi. “Ela só é desmagnetizada no caixa do supermercado.” De acordo com ele, além da prevenção de perdas em furtos, essa prática pode reduzir em 20% os custos operacionais.
Campanha – A rede Wal-Mart promove uma campanha global por esse tipo de marcação nos produtos. A adoção da prática de comercializar seus principais produtos já protegidos pelos fabricantes, reduziu as perdas em 40% e aumentou as vendas de algumas categorias em 25%, que agora podem ficar mais expostas por conta da marcação segura. “Temos nos reunido com os fabricantes dos produtos mais visados em furtos para que eles comecem a fabricá-los já com as etiquetas”, afirma Polesi.
Até agora, 26 marcas comercializadas pela rede trabalham com etiquetagem na origem, número que deve subir para 70 até o final do ano. “Temos 20 desses projetos em andamento e, até o final de 2007, devem ser 150 empresas envolvidas nessa causa”, prevê Polesi.
Marcas como Gillette, Phillips, Mundial, Tramontina, Speedo e Fuji já investem nessa tecnologia. Os fabricantes garantem que a etiquetagem não se reflete no preço final dos produtos. Pelo contrário, reduz os custos operacionais e o risco de furto, o que influencia positivamente os valores para o consumidor. “Absorvemos todos os custos, que vão desde os investimentos para o desenvolvimento do sistema até sua implantação no produto”, diz o gerente de demanda da Nivea, Luiz Eduardo Faria.
A marca implanta essas etiquetas em toda a linha Nivea Sun desde 2005, que abriga os produtos campeões de roubo da grife. “A necessidade de se ter um solução confiável para impedir os roubos surgiu do varejo e nossa base antifurto reduziu em 40% os desvios nas prateleiras”, garante Faria.
O executivo acredita que, gradativamente, todos os fabricantes se adaptem a essa forma de proteção, que também preserva o consumidor de pagar pelo roubo dos outros. “Se os furtos diminuem, o prejuízo dos supermercados cai junto, e os preços dos produtos ficam mais acessíveis.”