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Siderúrgicas vão reduzir as exportações em 2004

Guarulhos, 21 de outubro de 2003

A estagnação da economia brasileira levou a indústria siderúrgica a aumentar suas exportações em 2003. Previsão divulgada pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) indica que as empresas do setor deverão exportar 13,6 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos por um valor de US$ 3,9 bilhões neste ano, com crescimento de 16,6% em volume em relação a 2002.

As vendas de aço para o mercado interno, ao contrário, devem recuar 6% neste ano, totalizando 14,8 milhões de toneladas (ante 15,8 milhões de toneladas em 2002). O levantamento do IBS revela uma reversão do cenário para 2004, quando a demanda interna por aço deve atingir 16,4 milhões de toneladas, com aumento de 10,5% sobre 2003. Em compensação, as exportações poderão recuar 6,5% em volume no ano que vem, com os embarques atingindo 12,7 milhões de toneladas.

A previsão de aumento das vendas de aço para o mercado interno em 2004 reflete a expectativa de retomada do crescimento econômico. O vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, calcula que um crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) significa acréscimo de 1,5 milhão de toneladas ao ano nas vendas do setor.

“A siderurgia espera que o governo saía da retórica do crescimento e adote medidas que permitam o crescimento de forma sustentada”, alfinetou Lopes. Ele citou como exemplo a necessidade de que a reforma tributária desonere o setor produtivo. O executivo garantiu ainda que a prioridade do setor é o abastecimento do mercado interno, mas insistiu que as usinas siderúrgicas precisam ter previsibilidade nas encomendas.

“Em 2003, vimos encomendas sendo canceladas, como já tinha ocorrido em 2002, o que levou a siderurgia a se voltar mais para as exportações”, afirmou o vice-presidente do IBS. Ele lembrou que para sustentar o crescimento das vendas externas as usinas aumentaram de forma gradual, trimestre a trimestre, o ritmo de produção, que deve chegar ao seu ápice no período outubro-dezembro.

A estimativa do IBS é que a produção de aço bruto alcance 31,5 milhões de toneladas em 2003, com crescimento de 6,6% sobre 2002. Em 2004, a produção deverá bater em 32,4 mil toneladas, com alta de 2,9% sobre 2003. Segundo Lopes, os EUA continuam a ser o principal mercado para os produtos siderúrgicos brasileiros. A região formada pela Área de Livre Comércio das Américas (Alca) – os 34 países das américas, com exceção de Cuba – responde por 54% das exportações do setor em volume, o que mostra a importância da negociação deste acordo para as empresas do setor no Brasil.

“A negociação da Alca é vital para a siderurgia, mas é preciso discutir também questões de defesa comercial, como o antidumping, que prejudicam nossas exportações”, avaliou Lopes. O setor está iniciando novo ciclo de investimentos para elevar até 40 milhões de toneladas a sua capacidade instalada em 2007. O salto será garantido por investimentos de US$ 4 bilhões, segundo cálculos do IBS.

A entidade projeta um crescimento de 30,3% no faturamento da siderurgia em 2003, totalizando R$ 34,4 bilhões (ante R$ 26,4 bilhões em 2002). Para 2004, a expectativa é de que o faturamento alcance R$ 38,6 bilhões, com aumento de 12,2% sobre 2003.

Francisco Góes