Procura por ações da Vale supera Petrobrás
A oferta começou ontem e, até o dia 15, qualquer trabalhador brasileiro poderá se tornar sócio de uma pequena parte da maior exportadora de minério de ferro do mundo. Juntos, serão donos de 20,3% do capital da Companhia Vale do Rio Doce. O lote com 78.787.838 ações ordinárias (que dão direito a voto) já está à venda nas agências bancárias. Para comprar uma fatia, basta ter ao menos R$ 300 no bolso ou no saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
A procura pelos papéis no primeiro dia da oferta surpreendeu. “Foi muito superior à demanda pelas ações da Petrobrás quando houve a oferta pública”, conta Marconi Maciel, gerente da Divisão de Negócios com Ações de Banco do Brasil Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (BBDTVM), que está na supervisão da operação no Banco do Brasil.
Marconi não dá números concretos, mas exemplifica o tamanho da diferença: “No primeiro dia da Petrobrás, 20 pessoas procuraram o Banco do Brasil. Hoje (ontem), foram mais de 300”, conta. Ele acredita que a causa do aumento da procura seja a rentabilidade dos fundos FGTS Petrobrás, que empolgou trabalhadores mais temerosos.
O especialista adverte, no entanto, que se trata de uma aplicação de risco. “Ações são um investimento de médio e longo prazos”, ressalta. A compra vale a pena para quem tem algum dinheiro sobrando ou quer rentabilidade maior no FGTS. Para se ter idéia, quem investiu R$ 1 mil em ações da Vale em janeiro de 2001 terminou o ano com R$ 1.320, já que o papel teve 32% de valorização. No FGTS, a mesma quantia terminou valendo menos de R$ 1.100.
Se continuar na trajetória de alta iniciada na sexta-feira, esse percentual pode ser extrapolado este ano. O movimento especulativo é normal, mas o papel saltou de R$ 54, na sexta-feira, para R$ 59,20, ontem.
Diretora de Novos Produtos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Aquino comemora a grande procura pelos papéis. “É bom que a procura seja intensa desde o começo para não haver confusão mais tarde”, diz.
O técnico de segurança Evaldo Moreira de Jesus, 47 anos, decidiu correr o risco. “É a primeira vez que faço uma aplicação desse tipo”, conta. Na mesma situação estão o ator Sérgio Carlos Ripper de Souza, 40 anos, e o encarregado José Cambeiro Posse Neto, 33. O aposentado Nalmir Laboissiere, 64 anos, e o engenheiro Ronaldo Cavalcante Souza, 29, foram bem-sucedidos com a Petrobrás e estão de volta ao mundo dos negócios.