Prefeitura não fecha templos por falta de alvará ou segurança
Qualquer pessoa pode abrir um templo religioso. Para isso, precisa dos mesmos documentos dos estabelecimentos comerciais, tratamento acústico e a inscrição municipal de igreja. Para conseguir a inscrição é preciso alguns documentos como ata da última eleição de diretoria, comprovante de endereço, contrato de locação de imóvel e livro de ocorrências fiscais. Os templos são isentos de pagamento de impostos. Com a burocracia, o que acontece é que muitas pessoas iniciam as atividades religiosas sem prévia autorização dos órgãos competentes.
Andando pelas ruas de Guarulhos não é difícil perceber o excessivo número de templos das mais distintas religiões. Católicos, evangélicos, espíritas, entre outros, mostram a religiosidade do município. Isentos de impostos, as igrejas da cidade precisam dos mesmos documentos exigidos para se abrir um comércio, acrescido de um laudo acústico. Neste ano, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano não fechou nenhuma por falta de alvará ou segurança.
Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Guarulhos, Wilson Lourenço, é importante fiscalizar os templos, assim como os comerciantes em geral. “Tem igrejas que acabam exagerando pela falta de tratamento acústico, o que causa transtorno aos vizinhos. A fiscalização deveria atuar em cima.” A falta de autuações na cidade evidencia, na opinião dele, que a abertura de templos não seja alvo de atenção da Prefeitura. “Deveriam ser criados canais efetivos para a população se comunicar e denunciar problemas. Em São Paulo tivemos tragédias por falta de atenção às instalações de igrejas e não podemos deixar que ocorra a mesma coisa por aqui.”
Em Guarulhos estão registrados 576 templos religiosos, sendo 497 evangélicos, 42 católicos, 11 espíritas, oito de origem africana, cinco orientais, três esotéricos e 10 classificados como outros. No entanto, a estimativa é que esse número seja bem maior. No caso da Diocese de Guarulhos, da igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, há atividades em 35 paróquias e 140 capelas, o que não condiz com os apenas 42 registrados. No restante das religiões há o consenso de que haja muitos templos funcionando de forma irregular.
A reportagem do Guarulhos Hoje foi às ruas da cidade e percebeu várias denominações religiosas com identificações desconhecidos ou curiosas. A Comunidade Evangélica Louvores a Cristo, na rua Maria Quitéria, Jardim Tranquilidade, tem cultos quatro vezes por semana. Segundo Sandra Regina, esposa do pastor Elias, a igreja descendeu de outro templo. “Há 15 anos éramos da Jesus Cristo Voltará, mas começamos a nossa própria em uma sala de oração. Hoje temos uma media de 30 fieis.”
A Congregação das Testemunhas do Senhor Jesus Cristo, na rua Clemente Pereira, Tranquilidade, também realiza quatro cultos semanais. “Temos uma média de cinco pessoas. Meu marido morreu e eu virei a pastora”, conta Maria Barbizan. A Igreja Pentecostal Sendas de Cristo, na rua Tatuí, Vila Augusta, realiza quatro cultos por semana. “A media é de umas 50 fiéis por encontro. Não sei de onde desmembraram, mas a maioria das evangélicas nasce de outra”, conta o caseiro Washington.