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Pequenas empresas também buscam caminho da China

Guarulhos, 05 de abril de 2002

Pequenos empresários do Brasil estão se preparando para entrar no mercado chinês. Showrooms em cidades chinesas e missões de empreendedores no País estão entre as estratégias dos brasileiros. Um grupo de pequenos empresários de Rondônia inaugurou esta semana um showroom em Xangai para mostrar aos chineses os produtos do norte do País. Mel, guaraná em pó, portas e janelas de madeira, estão entre os artigos expostos. Os empreendedores, que exportam também para países como Canadá, Estados Unidos e Espanha, estão procurando parceiros no Brasil. “Queremos colocar no showroom artigos de todo o País”, diz Leonardo Helmer Calmom, coodenador do programa e diretor do Simpi (Sindicato da Pequena e Média Indústria), de Rondônia. O primeiro contato do grupo com os chineses foi por meio de foto. Os empresários da companhia Bang, interessados nos produtos do grupo de brasileiros enviaram fotografias da empresa e do ambiente onde trabalham. O próximo passo será a instalação de monitores de TV para os brasileiros negociarem cara-a-cara com os chineses. O empreendedor chinês vai ficar junto com um tradutor, na China, e conversar com o empresário brasileiro pela TV. “A melhor forma de fazer negócio é com o dono”, diz Calmom.

Visita esperada – A empresa de software Sira, de Campinas, interior de São Paulo, está aguardando uma missão chinesa para este semestre. Representantes da província de Zhe Jiang, que tem cerca de 200 milhões de habitantes, devem vir para o País para comprar softwares. Não é o primeiro contato da empresa com os chineses. Desde 1997, a Sira mantém relações comerciais com a China. Para este ano, a empresa espera exportar para o país 20% da sua produção – US$ 2 milhões. A estratégia usada pela empresa para vender à China foi a experimentação do produto. “Deixamos os chineses testar o software antes de comprá-lo”, afirma o engenheiro agrônomo Salvador Parducci, diretor da Sira. Os sistemas produzidos pela Sira são dirigidos ao mercado agrícola. Por meio do software, o pequeno produtor pode calcular, por exemplo, o investimento que tem de fazer para aumentar a produção. “No mercado chinês temos chance de crescer, pois 62% da população está no campo”, diz Parducci.

Custos – Segundo Maurice Costin, diretor de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), os pequenos e médios empreendedores devem entrar na china por meio de trade. “É difícil para um pequeno empresário arcar com despesas de visitas, por exemplo”, diz Costin.

Relação com o Brasil – No ano passado, o Brasil foi o 20º principal parceiro comercial da China. Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, o País exportou US$ 1,9 bilhão para o mercado chinês – um crescimento de 75% em relação ao ano anterior. As exportações para a China representam 0,38% do PIB brasileiro. Os produtos visados pelos grandes empresários brasileiros vão desde soja até aviões, passando por café, ônibus, álcool e serviços. A Embraer, por exemplo, está fechando negócios com a chinesa Avic (Aviation Industries of China). A Embraco, que atua no setor de eletrodomésticos linha branca (compressores para geladeiras e freezers) também está interessada no mercado chinês. No setor de serviços, os olhos dos brasileiros estão voltados para o desempenho de trabalhos na área de informática, software, construção civil pesada e audiovisual (cinema, programas de televisão, livros e revistas).

Cláudia Marques