Notícias

O futuro está reservado para os grandes

Guarulhos, 25 de outubro de 2010

O capitalismo do século 21 é conhecido pelo assentamento de grandes corporações. A China, por exemplo, tem por estratégia ter entre 150 das 500 grandes empresas do mundo. Buscam com essa estratégia a predominância do sistema de dominação. No Brasil, estamos iniciando essa política de criação ou fortalecimento de grandes corporações nacionais. Isto é visto como uma necessidade, uma política essencial para que o país se mantenha no mercado global.

Essa nova política corporativa é a terceira etapa na formação de grandes grupos. Nunca é demais relembrar que as duas anteriores fracassaram. Primeiro, durante o Plano Cruzado, houve a tentativa de formação de grandes grupos brasileiros com inserção internacional, consubstanciada na proposta de criação de um holding que administrasse todas as empresas estatais daquela época. Ressalta-se que isso foi no ano de 1986 e havia empresas públicas deficitárias em contrapartida à Petrobras que era – e ainda é – superavitária. Nesta proposta haveria uma grande capacidade de intervenção a partir do Estado.
 
A segunda tentativa de criação de grandes grupos se deu pela via da privatização, pela política de mercado. Houve assim a transferência de empresas públicas para grandes grupos privados, mas o fracasso desta proposta se deu na medida em que parte significativa destas transferências foram para grupos privados estrangeiros. Isso aumentou o grau de dependência.
 
Agora estamos diante da terceira proposta, que conta com o papel estratégico do BNDES. Note que a Vale do Rio Doce, por exemplo, é uma empresa privada, mas grande parte de suas ações estão nos fundos de pensão, parte nas mãos de estrangeiros, e grande parte nas mãos de brasileiros.
 
Indiscutivelmente, nós estamos vivendo um novo modelo empresarial, que segundo seus gestores, será o suficiente para que o Brasil continue participando do mercado global. Essa estratégia contém seus riscos, mas não há mais espaço para criação de empresas estatais em múltiplos setores. Sendo assim, cabe ao governo apostar nas fichas certas.
 
Aos empreendedores em geral, resta a certeza de que cada vez mais deverão estar preparados, capacitados e competitivos para interagirem com essas grandes corporações, sob pena de não conseguirem inserção neste novo nicho e, assim, depender do ramo de suas atuações para sua própria sobrevivência.

Marco Aurélio Ferreira Pinto dos Santos é Diretor Jurídico da ACE-Guarulhos