O consumidor prefere os domingos
Domingos e feriados são os dias de compra preferidos dos consumidores brasileiros. Esta é uma das principais conclusões de uma pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido das associações brasileira e paulista de supermercados (Abras/Apas) e da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).
O estudo aponta que 59% dos entrevistados têm o hábito de fazer compras nestes dias e será usado como arma pelas entidades para convencer os deputados paulistas a manter o veto do governador Geraldo Alckmin ao Projeto de Lei nº 139/2003. O PL, aprovado em agosto, proíbe o funcionamento de lojas de departamento, materiais de construção e supermercados aos domingos e feriados.
Os resultados da pesquisa foram divulgados por Nelson Marangoni, executivo do Ibope, em uma audiência pública na Assembléia Legislativa, na última terça-feira, seis dias após o governador ter vetado o projeto, que agora retorna para a casa legislativa para nova apreciação dos parlamentares.
O Ibope ouviu 2.100 consumidores de sete capitais brasileiras: São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Brasília e Belo Horizonte. Curitiba lidera o ranking da preferência pelas compras aos domingos e feriados, com 73% de aprovação, seguida por Rio de Janeiro e Brasília, com 65%, e São Paulo, com 61%.
A falta de tempo durante a semana foi apontada por 66% dos entrevistados como principal motivo para ir às compras aos domingos e feriados. Já 33% acreditam que o conforto e a tranquilidade também pesam na hora de decidir pelas compras nestes dias. A pesquisa também constatou que para 67% dos entrevistados a abertura do comércio aos domingos e feriados é de extrema importância para sua vida.
O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, destaca que o varejo só existe por causa do consumidor, que precisa de facilidades para comprar. “Os deputados precisam deixar o comércio trabalhar porque só assim recolhemos impostos e impulsionamos o avanço da economia”, disse. Ele também sustentou que não há nenhuma irregularidade trabalhista com a abertura do comércio aos domingos e feriados. “Foram feitos vários acordos com o sindicato da categoria e todos os funcionários recebem horas extras, vales-transporte e de refeição, além de mais comissão por estes dias trabalhados a mais. Além disso, há revezamento de equipe.”
Para o deputado Orlando Morando (PSDB) é pouco provável que o veto do governador seja contestado pelos parlamentares. “Dificilmente a Assembléia Legislativa contesta alguma posição do governador. Ainda mais, neste caso, que se trata de um veto justificado por inconstitucionalidade”, comenta. O deputado também ressalta que o domingo é o segundo melhor dia de vendas do varejo e que “isso não pode ser ignorado ao aprovar um projeto de lei que vem contra o que o principal envolvido no assunto, que é o consumidor, quer”.
O presidente da Apas, Sussumu Honda, concorda com o parlamentar e ressalta que o projeto cria uma reserva de mercado, além de prejudicar o consumidor. “O projeto de lei, além de atingir o consumidor de forma negativa, também prejudica as grandes redes, já que permite que apenas estabelecimentos com até três lojas possam funcionar nestes dias”.
Contrária à proibição do funcionamento do comércio nestes dias por temer o aumento do desemprego, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) encaminhou no final de agosto ofício ao governador paulista solicitando o veto ao projeto, de autoria do deputado Vicente Cândido (PT).