Novas captações podem ampliar crédito a empresas
A captação de 50 milhões de euros (aproximadamente US$ 54 milhões) anunciada sexta-feira (24) pelo Unibanco eleva a cifra dos empréstimos externos de bancos a US$ 1 bilhão, somente em janeiro deste ano. Os recursos podem significar mais dinheiro para empréstimos às empresas. Além disso, a entrada de dólares poderá refrear a alta da moeda americana em relação ao real.
As captações realizadas até agora, neste ano, são muito superiores às do ano passado: segundo dados do Banco Central, os investimentos estrangeiros em bônus brasileiros vendidos no exterior somaram US$ 1,597 bilhão em 2002.
O economista-chefe da Febraban (a federação dos bancos), Roberto Luis Troster, reforça a importância das captações: “Mais dólar torna a moeda mais barata aqui dentro, o que significa menos pressão sobre os preços e a possibilidade de uma baixa na taxa de juros”.
Mais dinheiro para o crédito
Os recursos levantados pelos bancos também podem ter efeito sobre o mercado de crédito. Várias instituições financeiras anunciaram que os recursos seriam aplicados para financiar operações de comércio exterior.
O Unibanco, depois de informar o lançamento de um eurobond (título de dívida privada) no valor de 50 milhões de euros, informou que o destino dos recursos ainda não está definido.
Como explica Jorge Rosas, diretor-executivo do banco, o dinheiro pode ser dirigido para financiar operações de clientes aqui ou no exterior. Por meio de sua agência no exterior, o banco pode bancar importações de empresas brasileiras, pagando o fornecedor.
Aqui no Brasil, o dinheiro pode ser internalizado via Resolução 63, isto é, por meio de empréstimos indexados ao dólar, dirigidos principalmente para grandes corporações.
O executivo chama a atenção para um “problema de mercado” quando se traz o dinheiro para operações de comércio exterior. Os exportadores não estão dispostos a tomar empréstimos nos prazos e custos que os bancos estão dispostos a fornecer.
“Os preços estão errados”, avalia ele, que acredita numa solução para o impasse nos próximos meses.
O fluxo de capitais trazido pelos bancos pode ser usado em operações no mercado financeiro. É a chamada “arbitragem”.
Lá fora os juros são muito mais baixos: as instituições financeiras emprestam a menos de 8% ao ano (o Unibanco deve pagar taxa efetiva de 5,5%, em dólares) e aplicam no mercado doméstico com retorno mais alto, cobrindo o risco do câmbio.
Epaminondas Neto